Entrevista: Encontro do G20 em Hangzhou encaminhará questões internacionais: Oficial da Cidade de Londres

2016-08-23 17:45:13丨portuguese.xinhuanet.com

Londres, 22 ago (Xinhua) -- O próximo encontro do G20 na China é “muito valioso” em possibilitar que os principais países do mundo discutam questões globais atuais, disse Mark Boleat, presidente do comitê de políticas e recursos da Corporação de Londres, uma das instituições financeiras mais poderosas da Europa.

Em uma recente entrevista exclusiva com a Xinhua, Boleat também disse que espera que a cúpula coloque em parte questões importantes de desenvolvimento internacional, promova o comércio internacional e desenvolva financiamento ecológico e investimentos em infraestrutura. 

“A economia mundial ainda está muito frágil, então esperamos que os governos dos principais países possam promover o crescimento econômico e o comércio internacional, em áreas como o financiamento ecológico, financiamento à infraestrutura e tecnologia,” ele disse.

RESPOSTAS ÀS PREOCUPAÇÕES 

Boleat, que tem sido o presidente do comité de políticas e recursos da Corporação de Londres desde 2012, disse que espera que os líderes do G20 irão enfatizar a importância do comércio internacional em meio as crescentes preocupações sobre as barreiras comerciais sendo reerguidas.

“Há preocupações sobre o desenvolvimento do comércio internacional, sobre barreiras comerciais sendo erguidas em alguns casos, ao invés de removidas; há um movimento ao redor do mundo em relação ao impacto da globalização,” o presidente do comitê alertou. 

Há necessidade de enfatizar a importância do comércio e seus benefícios para as pessoas em todos os países, ele clamou.

“O [mundo] espera que o G20 dê uma firme resposta, reafirmando os benefícios do comércio internacional à todos os países,” ele adicionou. 

O encontro, ele notou, pode ajudar a melhorar a economia apenas com ações concretas tomadas pelos governos nacionais.

“Então se há um acordo sobre as medidas que irão ajudar o crescimento econômico nos países, isto beneficiará a economia mundial,” ele disse à Xinhua.

Na entrevista, ele também destacou a importância das “muitas discussões informais” que ocorrerão entre os líders do G20 na cúpula.

CHINA E O G20 

Sobre o papel da China no G20, Boleat disse que o país é a segunda maior economia do planeta, e tem um “papel vital na economia global.”

“O peso e o crescimento da economia chinesa terão impacto em outros países do mundo, então penso que outros países esperam que a China faça o que puder para manter seu rápido crescimento, que é muito acima do crescimento das economias ocidentais,” ele explicou.

Ele adicionou ainda que a liberalização da economia chinesa em si “dá mais oportunidades para instituições de outros países investirem e fazerem negócios com a China.”

Falando do legado potencial da Cúpula do G20 em Hangzhou, o presidente do comitê espera que a reunião contribua com o desenvolvimento que já está acontecendo.

“O objetivo deve ser simplesmente caminhar na mesma direção das iniciativas de ajuda que já estão acontecendo, fortalecendo os importantes desenvolvimentos internacionais, ajudando a promover o comércio internacional, e a desenvolver o financiamento ecológico e à infraestrutura,” ele elaborou.

Sobre governança econômica internacional, Boleat disse que a China “precisa de ter um papel crucial nas agências internacionais.”

“A segunda maior economia do mundo tem que ter um papel fundamental nas instituições internacionais; e não pode ser apenas secundária, sendo uma economia tão relevante,” ele disse. 

RELAÇÃO REINO UNIDO-CHINA

No final de julho, o governo britânico anunciou que irá atrasar o programa da usina nuclear de Hinkley Point C até outono para rever o projeto proposto no sudeste da Inglaterra.

Em um artigo recente para o The Financial Times, o embaixador chinês na Inglaterra Liu Xiaoming disse que a relação China-Reino Unido está “em uma junção crucial historicamente” e que Hinkley Point é “um teste de confiança mútua” entre os dois países.

No entanto, Boleat ressaltou que Hinkley Point não é uma questão politica e não deve afetar a relação Reino Unido-China.

“Não acredito que é correto olhar para um desenvolvimento e dizer que é a única coisa que importa,” ele disse. 

“Este é um investimento inato, e irá funcionar como um investimento, sendo que o governo britânico deseja se certificar de que é o tipo necessário de investimento para se fazer nas atuais circunstâncias,” ele adicionou.

Lembrando que Londres é eixo central no ocidente para negociações de RMB, Boleat disse que espera que os novos ministros do Reino Unido continuem com as políticas dos ministros anteriores. 

“São as políticas do governo, não de indivíduos, e o primeiro ministro já enfatizou o desejo de prosseguir o forte relacionamento entre o Reino Unido e a China,” ele disse. 

“Queremos ver mais  emissões de títulos denominados em RMB no mercado de Londres emitidos pelas instituições chinesas; instituições britânicas estão focadas em aumentar seus investimentos na China, então ainda há muito mais para ser feito,” ele continuou.

EFEITO DO BREXIT

Analisando as ramificações do Brexit, Boleat disse que espera que a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) não irá afetar negativamente o relacionamento entre o Reino Unido e a China. 

“A partir do que já fizemos até o momento e análises e conversas que tivemos, não vimos nenhum enfraquecimento na ligação entre o Reino Unido e a China,” ele afirmou. 

“A Europa é um mercado muito importante para o Reino Unido; há fortes ligações existentes entre o Reino Unido e a Europa,” ele disse. “Desejamos manter estas ligações e desenvolver nossa relação com a China de forma constante.”

As relações bilaterais entre o Reino Unido e a China, em sua maioria, são independentes da UE, ele argumentou.

“Não acredito que o Brexit irá fazer com que o Reino Unido busque desenvolver mais sua relação com a China, porque isso já é buscado de qualquer forma, independente de se está ou não na UE,” disse o presidente do comitê.

“Não os vemos como sendo alternativas. O Reino Unido precisa de fortes relações tanto com a UE quanto com a China,” ele adicionou.

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