Shanghai, 25 dez (Xinhua) -- "Dou nota 100 para o desempenho do primeiro ano da rota marítima Chancay-Shanghai", afirmou o conselheiro comercial do Consulado-Geral do Peru em Shanghai, Bernardo Muñoz, em entrevista exclusiva à Xinhua, por ocasião do primeiro aniversário da inauguração bidirecional da rota marítima, em 18 de dezembro.
De acordo com estatísticas da Alfândega de Shanghai, desde 18 de dezembro do ano passado até a mesma data deste ano, o valor total das mercadorias importadas e exportadas pela rota Chancay-Shanghai atingiu 5,57 bilhões de yuans (US$ 789 milhões), com um volume de carga de 205 mil toneladas.
Impulsionado por esta rota, nos primeiros 11 meses de 2025, o comércio entre Shanghai e o Peru aumentou 40,3% em termos anuais.
Durante o período de janeiro a novembro, o valor das frutas peruanas importadas por meio do porto de Shanghai foi de 2,58 bilhões de yuans (cerca de US$ 365 milhões), marcando um aumento de 117,4% em termos anuais. Este valor representa mais de 70% do valor total das frutas peruanas importadas pela China no mesmo período, de acordo com a mesma fonte.
O tempo de navegação da rota, de 23 a 25 dias em um único sentido, foi reduzido consideravelmente em comparação com as rotas não diretas anteriores, beneficiando significativamente a exportação para a China de frutas frescas latino-americanas, como uvas, abacates e mirtilos.
Durante os primeiros 11 meses deste ano, a rota marítima Chancay-Shanghai transportou mais de 11 mil veículos chineses para o mercado latino-americano, incluindo marcas como Geely, Chery e Dongfeng.
"Atualmente, a rota marítima impulsionou diretamente entre 500 e 600 empresas frutícolas peruanas a exportar para a China, e o número de plantações que se beneficiam indiretamente é ainda maior", afirmou Bernardo Muñoz.
"Esperamos que, estimulada pelo crescimento do mercado chinês e asiático, a área total de cultivo de frutas no Peru possa dobrar nos próximos dois anos", acrescentou o funcionário.
Na sua opinião, além das frutas, o cobre e as matérias-primas relacionadas se tornarão um ponto de crescimento futuro para a rota Chancay-Shanghai. Atualmente, só no Peru há mais de dez projetos de cobre a serem desenvolvidos.
"No futuro, espera-se que a rota marítima Chancay-Shanghai chegue a mais regiões da América Latina, conectando portos de países como Colômbia, Equador e Chile, e impulsione a exportação de carne e soja do Brasil para a China, promovendo, assim, a construção de rodovias e ferrovias regionais", acrescentou Bernardo Muñoz.
O diplomata peruano elogiou muito o papel desempenhado pelas autoridades alfandegárias chinesas no impulso do "encontro bidirecional" transoceânico entre a China e a América Latina por meio da rota Chancay-Shanghai.
Ele considerou que, graças à garantia de um despacho alfandegário eficiente, o porto de Shanghai está se tornando um centro de distribuição para as exportações peruanas para a China e a Ásia, enquanto Chancay está se transformando em um centro de distribuição para os produtos chineses para a América Latina.
De acordo com Chen Xiaochen, representante sênior da divisão de rotas latino-americanas da COSCO Shipping Lines Co., Ltd., no primeiro ano desde a inauguração bidirecional da rota, o número de contêineres transportados entre o Extremo Oriente e Chancay ultrapassou 100 mil TEU (unidades equivalentes a 20 pés).
Além do terminal de Shanghai, outros portos costeiros chineses, como Dalian, Qingdao, Ningbo, Xiamen e Guangzhou, já fazem parte do alcance dos serviços estendidos da rota "Chancay-Shanghai", precisou Chen.
Yu Zhuowen, gerente-geral da Tonghua Supply Chain Management Group Co., Ltd., destacou que os custos logísticos integrais da rota Chancay-Shanghai foram reduzidos em mais de 20% em comparação com as opções anteriores.
Isso permite que os consumidores chineses desfrutem de frutas peruanas mais frescas, e os produtos aquáticos e carnes da América Latina estão entrando no mercado chinês em grande escala por meio dessa rota, acrescentou Yu.
Um responsável da Alfândega de Shanghai explicou que as autoridades alfandegárias chinesas desenvolveram um modelo inteligente para avaliar os efeitos do tratamento a frio em frutas importadas. Esse modelo permite que as transportadoras que cumprem as condições enviem automaticamente seus dados de tratamento a frio ao sistema alfandegário, economizando tempo nas inspeções e garantindo que as frutas peruanas cheguem "frescas e suculentas" ao mercado chinês.

