Nanjing, 25 dez (Xinhua) -- O vinho e o azeite portugueses, presenças constantes na Exposição Internacional de Importações da China (CIIE) nos últimos anos, há muito conectam os consumidores chineses aos sabores da Península Ibérica. No entanto, hoje, os intercâmbios econômicos entre a China e Portugal vão muito além desses sabores consagrados. Uma dinâmica de cooperação de benefício mútuo, impulsionada pela energia verde, vem ganhando força e aprofundando a parceria bilateral.
Em um movimentado canteiro de obras na zona de alta tecnologia de Fenhu, em Suzhou, na Província de Jiangsu, leste da China, a estrutura principal da fábrica da AIXI Suzhou Technology Co., Ltd. está sendo erguida no lado leste, com os trabalhos externos em andamento e conclusão prevista para o segundo trimestre de 2026. Logo a oeste, a unidade da segunda fase da CMP Automotive Antivibration Suzhou Corp já está pronta, passando pelas etapas finais de decoração interna e testes de equipamentos.
Afiliada à ACI, fabricante português de materiais especiais, a AIXI foi criada em 2023 para fornecer materiais avançados para amortecedores à sua empresa vizinha espanhola CMP Suzhou, especializada em sistemas de absorção de choque para veículos de nova energia (NEVs).
Como o projeto de investimento da ACI na China, que é um fornecedor global de materiais compósitos de isolamento, a AIXI funcionará não apenas como uma base de fabricação, mas também como a sede do grupo no país e seu centro de pesquisa e desenvolvimento para a região Ásia-Pacífico. Voltada para mercados asiáticos como Japão, Índia e República da Coreia, a unidade deverá gerar um valor de produção anual de 600 milhões de yuans (US$ 85,53 milhões).
Segundo Yang Nan, gerente-geral da CMP Suzhou e da AIXI, a CMP Suzhou registrou, nos últimos três anos, um crescimento médio anual de 30%, tornando-se a subsidiária com o "melhor retorno sobre investimento" dentro do Grupo CMP, o que impulsionou sua expansão e atraiu o projeto de apoio da ACI. Yang observou ainda que o rápido crescimento do setor chinês de NEVs faz da AIXI uma grande aposta para o futuro.
Ela também atribui o sucesso às vantagens do desenvolvimento integrado da região do Delta do Rio Yangtzé, como cadeias de suprimento eficientes e um "círculo de deslocamento de uma hora", que permite respostas rápidas aos clientes. "Estabelecemos a meta de crescimento anual de 10% para os próximos cinco anos", afirmou Yang.
Enquanto empresas portuguesas aprofundam sua presença no mercado chinês por meio da inovação tecnológica, o investimento e a tecnologia chineses também impulsionam a modernização industrial e a transição verde em Portugal.
Dados do Banco de Portugal mostram que o investimento direto da China alcançou 3,95 bilhões de euros em 2024, um aumento anual de 9,33%, marcando o 14º ano consecutivo de crescimento e representando uma expansão de 4,5 vezes ao longo de uma década.
Com mais de um século de reputação, a empresa Alcobre, localizada em Ovar, Portugal, vive um processo de revitalização desde sua aquisição, em 2016, pelo Hengtong Group, da China, um gigante da produção de cabos ópticos. "A Alcobre tem registrado crescimento contínuo e estável desde a aquisição, com o número de funcionários locais aumentando em 25%", disse Huang Chao, gerente-geral da Hengtong Portugal.
De acordo com Huang, além do investimento financeiro, a Hengtong trouxe à Alcobre tecnologias avançadas e experiência em gestão nos segmentos de fibra óptica e cabos submarinos de alta tensão. Este ano, a empresa colocou em operação uma nova linha de produção de OPGW (Optical Ground Wire), criando bases mais sólidas para a expansão futura. A meta é quadruplicar o valor de produção até 2030.
Paralelamente, um projeto de maior escala está tomando forma no Porto de Sines. No início deste ano, a China Aviation Lithium Battery (CALB), líder no setor de baterias, anunciou um investimento de 2 bilhões de euros para construir uma gigafábrica de IA com emissão zero de carbono, seu primeiro empreendimento industrial na Europa.
Segundo a CALB, a fábrica foi projetada para atingir uma capacidade de produção anual de 45 GWh de baterias. Quando estiver operando em plena capacidade, em 2028, estima-se que a planta contribua com mais de 4% do PIB de Portugal, facilitando a transição do país de detentor de recursos de lítio para um polo de fabricação de baterias.
Especialistas observam que China e Portugal compartilham concepções semelhantes na promoção da transformação de suas economias domésticas. Em 2020, Portugal aprovou o "Plano Nacional de Energia e Clima 2030", enquanto a China, no mesmo ano, anunciou suas metas duplas de carbono: atingir o pico das emissões de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
Com vultosos investimentos recíprocos no setor de novas energias, China e Portugal vêm promovendo um desenvolvimento mais complementar e impulsionando conjuntamente a transição verde da economia mundial.

