Demanda chinesa ameniza impacto do clima adverso na produção agrícola do Brasil-Xinhua

Demanda chinesa ameniza impacto do clima adverso na produção agrícola do Brasil

2025-12-18 16:19:47丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 17 dez (Xinhua) -- A demanda persistente da China por grãos brasileiros surge como um fator-chave para amortecer os impactos econômicos de climas adversos que afetaram a agricultura do Brasil em 2025, um ano marcado por chuvas intensas e secas prolongadas que atrasaram o plantio e devem reduzir a produção de milho em 2026, em um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

O Brasil ocupa uma posição estratégica no abastecimento global de alimentos, como um dos principais exportadores de soja, milho e outros grãos básicos. Por isso, as mudanças climáticas não só afetarão a renda dos produtores rurais e a economia nacional, mas também têm impactos diretos para o mercado internacional e os principais importadores, como a China, principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro.

As condições meteorológicas adversas afetaram especialmente o calendário de plantio de culturas estratégicas. Em setembro e outubro, período considerado ideal para semear soja e milho em amplas regiões do país, as chuvas foram escassas ou irregulares, obrigando os agricultores a adiar a lavoura. Em algumas áreas, as chuvas foram excessivas, causando danos às plantações.

No município de Leopoldo de Bulhões, estado de Goiás, o agricultor Paulo Roberto Schwengber teve de replantar 230 hectares de soja após uma tempestade que destruiu parte do plantio. Como consequência, a colheita foi adiada até abril de 2026. O produtor diz à Xinhua que ele decidiu replantar para minimizar as perdas.

Em outras regiões de Goiás, o problema é a falta de chuvas. No município de Iporá, a seca levou as autoridades locais a decretarem situação de calamidade pública, afetando diretamente os planos dos produtores e aumentando a incerteza sobre a próxima safra.

Segundo dados da estatal Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, o avanço do plantio de soja continua atrasado em alguns estados. Em Goiás, 92% da área prevista já foi semeada; no Rio Grande do Sul, 69%; e no Maranhão, apenas 38%. Em vários estados, o processo de plantio ainda não havia sido concluído em dezembro.

O agricultor Anderson Sandri explicou que o clima deste ano havia sido atípico, com chuvas irregulares, pois eles tinham que plantar onde puder.

As perspectivas para o milho são ainda mais preocupantes. Segundo analistas do setor, a produção em 2026 deve ser menor que em 2025, quando o Brasil atingiu um recorde.

Cristiano Palavro, sócio-diretor de uma consultoria especializada em agronegócio, afirmou que, caso o clima apresenta uma tendência de piora, é muito provável que a produção de milho seja inferior à de 2025. Ele acrescentou que já tem uma estimativa menor para 2026, ressalvando, porém, que a demanda crescia com notável consistência.

Apesar das dificuldades, a Conab mantém altas projeções para a produção total de grãos no Brasil e estima que a produção brasileira na atual temporada será de quase 354 milhões de toneladas, apenas 400 mil toneladas a menos do que o previsto.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, ressaltou que as safras de soja, milho e algodão de 2024 a 2025 atingiram recorde. E a safra 2025-2026 continuará sendo boa, embora com problemas pontuais em algumas regiões.

Neste cenário, especialistas sublinham que a China pode desempenhar um papel decisivo para sustentar o setor agrícola brasileiro. Como principal compradora de grãos do país sul-americano, especialmente de soja e milho, a China contribui para estabilizar os preços internacionais e garantir a renda dos produtores brasileiros.

Para analistas do mercado, a posição do Brasil como uma potência agroalimentar e o crescimento constante da demanda chinesa, reforça o caráter estratégico da relação comercial entre os dois países.

Ao mesmo tempo, a crescente volatilidade climática está se tornando um dos principais desafios estruturais do agronegócio brasileiro, exigindo investimentos contínuos em adaptação, gestão de riscos e tecnologia para manter a estabilidade da produção e o fornecimento global de alimentos. 

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