Lisboa, 30 nov (Xinhua) -- A transição da China para um desenvolvimento de alta qualidade não reflete apenas sua modernização econômica interna, mas também cria "uma nova plataforma de cooperação global", oferecendo oportunidades compartilhadas para países de língua portuguesa, afirmou um líder empresarial.
Em uma entrevista recente à Xinhua, Bernardo Mendia, secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, disse que o crescimento econômico estável da China no terceiro trimestre mostra que a segunda maior economia do mundo "está consolidando sua transformação enquanto navega com sucesso em um ambiente global complexo."
"Uma China estável significa um ambiente comercial estável para todos nós. É um parceiro confiável e um grande motor para o crescimento global", afirmou.
"A China está claramente passando da quantidade para a qualidade, de ser a 'fábrica do mundo' para se tornar uma economia sustentável e baseada no consumo orientada pela inovação", disse ele, acrescentando que a mudança "significa cooperação mais sofisticada, melhores transferências de tecnologia e comércio mais previsível."
Mendia disse que Portugal vê a transformação da China "não como uma ameaça, mas como uma porta aberta para uma cooperação mutuamente vantajosa."
"Portugal, com sua tradição diplomática, alcance global e localização estratégica, pode se beneficiar dessa transformação se agir de forma proativa e com visão", afirmou.
Segundo Mendia, o foco da China em desenvolvimento de alta qualidade tem produzido resultados visíveis em energia renovável, veículos de nova energia, manufatura avançada e serviços digitais.
"A capacidade da China de inovar e tornar acessível a tecnologia verde está mudando as regras do jogo", permitindo que países em desenvolvimento descarbonizem suas economias, disse ele.
O investimento intensivo da China em P&D, digitalização e automação está tornando a produção melhor e mais inteligente, afirmou. Essa transformação não está apenas remodelando a própria economia chinesa, mas também redefinindo suas parcerias globais, criando novos campos de sinergia para Portugal e outros países lusófonos, acrescentou.
"Portugal e China são parceiros altamente complementares em energia, agricultura e serviços", disse Mendia.
Ele apontou a tecnologia de energia limpa e a capacidade industrial da China, juntamente com os recursos renováveis de Portugal e Brasil, como base para projetos conjuntos de energia solar e eólica. Ele também citou os avanços da China na agricultura de precisão e biotecnologia como fundamentais para aumentar a produtividade no Brasil e em Moçambique.
Ele afirmou que o reequilíbrio interno da China, como o crescimento da classe média e o aumento dos gastos com viagens, também criará oportunidades para os setores de turismo e serviços. Portugal, com sua vantagem linguística, serve como uma porta de entrada para empresas chinesas que desejam expandir para a UE, África e América Latina, acrescentou.
Em outubro, na quarta sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, os participantes deliberaram e adotaram as Propostas do Comitê Central do Partido Comunista da China para a Formulação do 15º Plano Quinquenal para o Desenvolvimento Econômico e Social Nacional.
Mendia ressaltou a importância de os tomadores de decisão portugueses entenderem a direção da política chinesa.
Aproveitar novas oportunidades decorrentes da visão de longo prazo da China "não é apenas um exercício acadêmico, mas uma necessidade estratégica", afirmou.

