Beijing, 1º dez (Xinhua) -- A China está direcionando seu enorme setor automotivo para um futuro definido pelo alinhamento preciso, tendo como meta os veículos inteligentes conectados (ICVs, do inglês) como principal motor para gerar 1 trilhão de yuans (US$ 141,3 bilhões) em consumo até 2027.
Sob um novo plano para impulsionar a demanda interna, a China identificou os ICVs como um dos três setores prioritários -- cada um com expectativa de atingir a escala de 1 trilhão de yuans -- destinados a uma rápida expansão.
O plano exige explicitamente o aumento da adaptabilidade da oferta e da demanda para liberar o potencial de consumo, pedindo aos fabricantes para ir além do volume puro e simples e passem a oferecer produtos que atendam com precisão às necessidades em evolução dos consumidores.
Para destravar esse potencial, o roteiro prevê a adaptação da oferta e da demanda: a criação de cerca de 100 produtos emblemáticos e empresas inovadoras, a implementação de cenários-piloto para novas tecnologias e a expansão das vendas de veículos de nova energia para as áreas rurais.
O vice-ministro da Indústria e Informatização, Xie Yuansheng, descreveu essa mudança como uma transição da quantidade para a qualidade -- deixar de apenas produzir mais para produzir melhor -- a fim de garantir que uma oferta de alta qualidade atenda às necessidades diversificadas dos consumidores.
O impulso político surge no momento em que o mercado cruza um marco histórico. Os veículos de nova energia responderam por 51,6% das vendas totais de carros novos em outubro de 2025, constituindo pela primeira vez a maioria das vendas. Esse salto acompanha a produção, que disparou de cerca de 1,4 milhão de unidades em 2020 para mais de 13 milhões em 2024.
À medida que o mercado amadurece, as preferências dos consumidores tornam-se cada vez mais diversificadas. Famílias impulsionam a demanda por veículos espaçosos e multifuncionais, enquanto compradores mais jovens passam a ver o automóvel como um espaço de vida móvel, definido por interação por voz e cockpits inteligentes. Paralelamente, um segmento outdoor em expansão alimenta as vendas de veículos elétricos off-road, alguns capazes de escalar encostas íngremes ou oferecer uma autonomia combinada de 1.000 quilômetros.
Essa diversificação é sustentada por uma cadeia de suprimentos madura e pela queda de custos. Dados oficiais mostram que mais de 60% dos novos veículos de passeio vendidos já contam com sistemas de assistência ao condutor de Nível 2. A economia de propriedade também melhorou, com o custo das células de bateria caindo 30% e a velocidade de carregamento mais que triplicando nos últimos anos.
Os fabricantes domésticos já estão colocando essa estratégia de precisão em prática. A Leapmotor mira o mercado jovem e personalizado com o Lafa5, um cupê elétrico compacto na faixa dos 100 mil yuans. A Zeekr aposta na segurança ao integrar algoritmos de inteligência artificial e dezenas de sensores no modelo 9X, enquanto a Nio continua expandindo sua rede global de serviços de energia, com mais de 8.400 estações de troca e recarga de baterias.
Para liberar totalmente o potencial do setor, as autoridades estão olhando além das vendas de carros novos. O Ministério do Comércio prometeu esforços para expandir o mercado de veículos usados e os serviços pós-venda, incluindo aluguel e camping com motorhomes.
"O caminho daqui para frente depende do aprofundamento da aplicação industrial das tecnologias inteligentes conectadas", afirmou Fu Bingfeng, vice-presidente executivo e secretário-geral da Associação Chinesa de Fabricantes de Veículos Automotores. "Usar uma oferta inovadora para desbloquear um potencial de mercado mais amplo é fundamental."

