Novo “plano de paz” para a Ucrânia é realmente um acordo para a paz?-Xinhua

Novo “plano de paz” para a Ucrânia é realmente um acordo para a paz?

2025-11-29 13:16:57丨portuguese.xinhuanet.com

O presidente dos EUA, Donald Trump (2º à esquerda), recebe o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, em Washington, D.C., Estados Unidos, em 17 de outubro de 2025. (Xinhua/Hu Yousong)

O principal ponto de discórdia provavelmente continuará sendo o território, uma questão fundamental que permanece sem solução no plano revisado.

Washington, 27 nov (Xinhua) -- O "plano de paz" de 28 pontos proposto pelos EUA foi divulgado na semana passada. Após sua divulgação, representantes dos Estados Unidos, da Ucrânia e de vários países europeus se reuniram em Genebra no domingo para discutir o plano.

Após discussões, o plano revisado foi reduzido a 19 pontos, mas não foi divulgado publicamente, marcando a mais recente mudança nos esforços diplomáticos em andamento para acabar com a guerra que já dura quatro anos.

Quão perto, então, o plano revisado chega de uma paz real?

ESFORÇOS DIPLOMÁTICOS ENQUANTO A GUERRA CONTINUA

Na esperança de finalizar a minuta do plano, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira que instruiu seu enviado especial, Steve Witkoff, a se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, enquanto o secretário do Exército, Daniel Driscoll, deve se reunir com autoridades ucranianas nos próximos dias.

O Kremlin confirmou na quarta-feira que "um acordo preliminar foi alcançado".

Citando uma fonte não identificada, o Axios noticiou na terça-feira que uma delegação ucraniana liderada pelo chefe da Inteligência de Defesa da Ucrânia, Kyrylo Budanov, tem mantido conversas com representantes da Rússia e dos EUA em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.

No entanto, enquanto os esforços diplomáticos para acabar com a guerra continuavam, os ataques ainda se espalhavam. A Ucrânia relatou na quarta-feira mais uma noite de ataques aéreos russos, com um ataque de drone em Zaporizhzhia que feriu mais de uma dúzia de pessoas e danificou dezenas de casas, disse o governador Ivan Fedorov.

A Rússia, por sua vez, disse que suas defesas aéreas abateram 118 drones ucranianos durante a noite, incluindo 52 sobre a região fronteiriça de Belgorod.

Em meio à intensificação das pressões no campo de batalha e à crescente pressão sobre as finanças de Kiev, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na quarta-feira que chegou a um acordo técnico com a Ucrânia sobre um novo programa de quatro anos, no valor de 8,2 bilhões de dólares americanos, para ajudar o país a preservar a estabilidade macroeconômica e fortalecer as finanças públicas.

MAIS PERTO DA PAZ?

Como noticiado pela mídia americana, o plano inicial exigia que a Ucrânia cedesse território, reduzisse seu poderio militar e abandonasse a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com a Rússia oferecendo a promessa de cessar futuros ataques. Isso gerou preocupação.

Embora os detalhes do plano revisado permaneçam em segredo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse na terça-feira que "os princípios deste documento podem ser expandidos para acordos mais profundos", mas que agora "depende muito" de Washington.

A Ucrânia deixou claro que não emendará sua Constituição como parte de qualquer possível acordo de paz. "Declaramos que a Ucrânia não aceitará nenhuma forma de reconhecimento e não fará alterações na Constituição, essas são linhas vermelhas", disse Oleksandr Bevz, assessor do chefe do gabinete presidencial ucraniano, segundo reportagem da agência de notícias ucraniana Interfax-Ukraine na quarta-feira.

O principal ponto de discórdia provavelmente continuará sendo o território, uma questão essencial que permanece sem solução no plano revisado. O plano original exigia que Kiev cedesse toda a região leste de Donbas, lar de cerca de seis milhões de pessoas.

Embora as forças russas tenham conquistado território nos últimos quatro anos, grandes porções da região permanecem sob controle ucraniano, e Kiev considera inaceitável qualquer exigência de cessão.

Trump insistiu que progressos estavam sendo feitos e alegou que Moscou estava oferecendo concessões, embora a guerra, com as forças russas avançando constantemente, estivesse "seguindo em uma única direção". Mas a Rússia rejeitou essa caracterização. O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse a repórteres na quarta-feira: "Não podemos falar em concessões, nem em abandonar nossas posições sobre as questões-chave".

"Nós vimos e recebemos o documento, mas ainda não houve discussões", disse Yuri Ushakov, assessor presidencial russo, à televisão estatal, acrescentando que "alguns aspectos podem ser vistos positivamente, mas muitos exigem uma análise de especialistas".

Questionado no mesmo dia se um acordo de paz estava próximo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que era "prematuro afirmar isso", segundo a imprensa.

"Este suposto ‘plano de paz’ ​​tem problemas reais, e sou muito cético de que ele trará a paz", disse o senador americano Roger Wicker, presidente republicano do Comitê de Serviços Armados do Senado, em um comunicado na sexta-feira.

REAÇÕES NA EUROPA

As revelações iniciais geraram fortes reações na Europa, onde as autoridades temem ser marginalizadas no processo de negociação e consideram que alguns aspetos da proposta favorecem a Rússia.

Referindo-se ao plano, o presidente francês, Emmanuel Macron, destacou que existem "condições" para que "a paz seja aceitável", embora "qualquer iniciativa que conduza à paz seja positiva".

"O território e a soberania da Ucrânia devem ser respeitados. Somente a Ucrânia, como país soberano, pode tomar decisões relativas às suas forças armadas. A escolha do seu destino está em suas próprias mãos... Também quero enfatizar a centralidade da Europa no futuro do país", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, também disse na segunda-feira que era evidente que nada poderia ser "acordado sem o consentimento" dos europeus e da Ucrânia. Deve-se garantir a preservação da soberania da Ucrânia, acrescentou ele, e a própria Ucrânia deve decidir quais concessões fará e quando.

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