Belém, Brasil, 20 nov (Xinhua) -- A presença de facções criminosas na Amazônia Legal brasileira aumentou 32% em um ano, com uma expansão que combina tráfico de drogas e crimes ambientais, segundo estudo apresentado nesta quarta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) durante a COP30 em Belém.
A nova edição do relatório, "Cartografias da Violência na Amazônia", indica que organizações criminosas operam agora em 344 dos 772 municípios da região, em comparação com 260 em 2024. O avanço se concentra em áreas de garimpo ilegal, onde grupos como o Comando Vermelho (CV) impõem pagamentos obrigatórios a garimpeiros e operadores de jangadas, com ameaças que incluem roubo de equipamentos e risco de morte.
O estudo identifica 17 facções ativas, incluindo o CV e o Primeiro Comando da Capital, além de grupos regionais e organizações estrangeiras, como o Trem de Aragua, da Venezuela, e o Estado Mayor Central, da Colômbia. O CV controla rotas fluviais ligadas aos cartéis peruano e colombiano, enquanto o Primeiro Comando da Capital reforça rotas aéreas clandestinas e conexões marítimas via Suriname.
A violência também está se intensificando. Em 2024, os municípios da Amazônia Legal registraram 8.047 homicídios, com uma taxa de 27,3 por 100 mil habitantes, 31% acima da média nacional. O Amapá foi o estado mais violento, e o Maranhão foi o único com aumento de homicídios entre 2023 e 2024.
O relatório também destaca 586 assassinatos de mulheres em 2024, uma taxa 21,8% superior à média nacional. O FBSP alerta que a expansão dessas facções, combinada com a vulnerabilidade social e os crimes ambientais, representa novos desafios para a segurança pública e as políticas de justiça climática na região amazônica.

