Um lojista dá uma garrafa de óleo de canola chinesa a um cliente no distrito de Gujranwala, na província de Punjab, no Paquistão, em 25 de maio de 2023. (Xinhua/Ahmad Kamal)

Por Misbah Saba Malik e Jiang Chao

Gujranwala, Paquistão, 29 mai (Xinhua) -- Irfan Javed, proprietário de uma máquina de extração de óleo de cozinha no distrito de Gujranwala, no leste do Paquistão, viu um boom no negócio quando as safras de canola chinesa recém-colhidas chegaram ao mercado e os clientes se aglomeraram em sua loja para extrair óleo das sementes.

"Inicialmente, apenas os agricultores que plantavam a canola chinesa visitavam aqui, mas gradualmente o número aumentou quando as pessoas ficaram sabendo de seus benefícios à saúde e custo-benefício devido ao boca a boca positivo", disse Javed à Xinhua.

Lançado em 2013, o Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) é um corredor que liga o porto de Gwadar, no Paquistão, a Kashgar, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China, e que destaca energia, transporte e cooperação industrial na primeira fase, enquanto na nova fase se expande aos campos da agricultura e subsistência, entre outros.

Ecoando a cooperação do CECP na agricultura, a empresa chinesa Wuhan Qingfa Hesheng Seed Co. Ltd e a empresa paquistanesa Evyol Group assinaram um memorando de entendimento em 2022 para produzir uma variedade de canola híbrida chinesa e óleo comestível no Paquistão.

Isso foi feito para diminuir a dependência do Paquistão de óleo de cozinha importado, o que não só ajudou o país a atender sua demanda de óleo comestível, mas também apoiou suas reservas cambiais.

Agora as pessoas compram sementes oleaginosas chinesas diretamente dos agricultores e têm seu óleo extraído por Javed. Eles utilizam seu óleo para cozinhar, pois seu sabor se assemelha ao óleo comestível comumente usado em residências.

Além disso, o próprio Javed adquire as sementes para extrair o óleo e atender ao crescente número de clientes. Ele disse que também é alto o teor de óleo nas oleaginosas chinesas, em comparação com outras oleaginosas disponíveis no mercado local, que as pessoas preferem porque economizam dinheiro.

"De uma saca de 40 kg de outras variedades de oleaginosas, extraem-se apenas cerca de 10 a 12 litros de óleo, enquanto a saca de canola chinesa, disponível no mercado por 9.500 rúpias (cerca de US$ 33) produz de 14 a 16 litros de óleo e cerca de 20 kg de farelo de canola altamente nutritivo para gado, que é vendido no mercado por cerca de 4.000 rúpias...é um negócio ganha-ganha", acrescentou.

O consumo anual de óleo de cozinha no Paquistão é de cerca de 5 milhões de toneladas, mas devido ao baixo potencial econômico das oleaginosas no mercado local, elas não são preferidas pelos agricultores. O país tem de importar cerca de 89% do seu petróleo para satisfazer a procura, gastando anualmente 3,6 mil milhões de dólares.

Os revendedores associados à distribuição de sementes oleaginosas disseram que a variedade recém-introduzida tem uma alta margem de lucro para os agricultores e, como tal, se tornou famosa entre os agricultores locais apenas dois anos após sua introdução no Paquistão.

Muhammad Rizwan, um distribuidor de sementes em Gujranwala, disse à Xinhua que a semente de canola chinesa é resistente a doenças e tem um rendimento maior do que outras variedades de oleaginosas disponíveis anteriormente no mercado.

"Outras sementes oleaginosas são vendidas a cerca de 5.000 a 6.000 rúpias por 40 kg no mercado este ano, enquanto é vendida a até 9.500 rúpias a canola chinesa, que ainda tem um rendimento 20% a 30% maior do que as outras variedades", disse. Rizwan explicou.

"A semente agora é um bolo quente aos olhos dos agricultores no distrito de Gujranwala, por isso fizemos um pedido maior do que no ano passado para a empresa de sementes para atender à demanda na próxima temporada de cultivo em novembro deste ano", acrescentou.

No ano passado, 11 toneladas de sementes foram cultivadas em 20.000 acres de terra em todo o país, enquanto este ano são esperadas 100 toneladas devido à maior demanda pela semente.

A dona de casa Saima Rizwan disse à Xinhua que soube desse óleo há seis meses pelas mídias sociais e como o óleo extraído da canola chinesa é benéfico para a saúde, além de ser econômico.

"Pedi ao meu marido para comprar o óleo e o sabor foi tão bom que nunca mais compramos óleo importado. Cozinhamos todos os pratos locais com o óleo e, às vezes, quando convidamos convidados, eles não sabem que a comida é preparada com óleo de canola em vez do óleo de palma comumente usado", disse a senhora de 32 anos à Xinhua.

Muhammad Azim, líder da equipe do grupo Eyvol em Gujranwala, disse que foi uma produção abundante de canola este ano em comparação com outras culturas, o que deixou os agricultores muito felizes.

"É um novo começo porque os agricultores estão obtendo bons lucros com o aumento do consumo de óleo produzido localmente", disse Azim.

"Como próximo passo, vamos nos concentrar na produção local das sementes em viveiros paquistaneses com a ajuda de nossos amigos chineses para tornar as sementes mais acessíveis para os agricultores locais", disse ele.

Uma mulher usa óleo de canola chinesa para cozinhar alimentos no distrito de Gujranwala, na província de Punjab, no Paquistão, em 25 de maio de 2023. (Xinhua/Ahmad Kamal)

Um funcionário carrega sementes de canola chinesa para extrair óleo em uma fábrica de extração de óleo de cozinha no distrito de Gujranwala, na província de Punjab, no Paquistão, em 25 de maio de 2023. (Xinhua/Ahmad Kamal)

Um funcionário enche uma garrafa com óleo de canola chinesa em uma fábrica de extração de óleo de cozinha no distrito de Gujranwala, na província de Punjab, no Paquistão, em 25 de maio de 2023. (Xinhua/Ahmad Kamal)