Destaque: Agricultores da Namíbia atingidos pela seca recorrem à forragem hidropônica para salvar rebanho

Vinduque, 17 abr (Xinhua) - Os criadores de gado namibianos que ficaram contando as perdas após secas persistentes que resultaram na morte de mais de 100.000 cabeças de gado em um período de três anos estão agora se voltando para a produção de forragem hidropônica para suplementar as pastagens para seus rebanhos.

Alguns agricultores no país dominado pelo deserto, atualmente acreditam que a produção de forragem hidropônica pode ser uma solução duradoura para a produção de ração animal para evitar a escassez constante de pastagens em diferentes regiões, que são propensas a secas severas por causa dos padrões de chuva naturais imprevisíveis.

Os projetos de produção de forragem hidropônica são bem apoiados pela Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) e pelo governo da Namíbia.

O ministro das Tecnologias de Informação e Comunicação e porta-voz do gabinete, Peya Mushelenga, disse que o gabinete da Namíbia deu seu apoio à produção de forragens em grande escala como um suplemento viável para pastagens esgotadas para agricultores, principalmente em regiões secas do país onde os criadores de gado são fortemente afetados pela seca.

"O Ministério da Agricultura, Água e Reforma Agrária, conjuntamente com a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), também apresentou o projeto conhecido como apoio emergencial aos meios de subsistência para comunidades afetadas pela seca na Namíbia, para ajudar os agricultores a manterem seu estoque central de reprodução. O projeto apoiou 3.343 famílias de pequenos agricultores dependentes da pecuária", disse ele.

Mushelenga disse que o gabinete da Namíbia decidiu continuar apoiando a produção de forragem para ajudar os agricultores a preservarem seus rebanhos da fome.

A FAO também divulgou seu último boletim mostrando que a organização estabeleceu 79 sistemas de produção de forragem hidropônica com efeito de estufa em sete regiões da Namíbia nos últimos anos por meio de uma parceria com agricultores e o Ministério da Agricultura, Água e Reforma Agrária do país.

"A forragem leva cerca de seis a sete dias para crescer, com um quilo de forragem exigindo cerca de três a quatro litros de água", afirmou a FAO no boletim.

De acordo com a FAO, os agricultores namibianos foram organizados em grupos de 50 que vivem perto de cada estufa e são incentivados a trabalharem juntos como parte do projeto de produção.

"Todos participam da produção da forragem, desde o preparo do caroço da cevada até a rega e colheita das mudas, e combinam entre si a forma de dividir os produtos. Dessa forma, todos os agricultores conhecem a tecnologia, adquirindo o conhecimento e a experiência para continuar no futuro", afirmou a FAO no boletim.

Agnes Tengovandu-Tjindo, 36 anos e da região centro-norte de Otjozondjupa da Namíbia, que também está se aventurando na produção de forragem hidropônica, disse que a oportunidade de produzir forragem para seu próprio rebanho e também para o mercado tem sido uma experiência financeira de mudança de vida.

"Eu perdi um grande número de meu gado e fiquei com apenas alguns bovinos e cabras que também lutava para manter vivos", disse ela.

Depois de participar do projeto, Agnes disse orgulhosa que sua comunidade assumiu a propriedade total da estufa e que ela virou parte integrante de sua sobrevivência.

O projeto de forragem hidropônica está ajudando o país do sudoeste africano a se recuperar de suas piores secas da história recente, que vivenciou na temporada agrícola de 2019/2020, de acordo com a FAO.