Análise de Notícias: Distribuição da vacina da UE atrasada devido problemas de entrega

2021-02-03 11:14:22丨portuguese.xinhuanet.com

Roma, 1 fev (Xinhua) - O plano de distribuição de vacinas da União Europeia (UE) foi desorganizado depois que os fabricantes de todas as três vacinas aprovadas para uso na Europa alertaram os países sobre atrasos nas entregas nas próximas semanas e meses.

Os anúncios levaram a chanceler alemã, Angela Merkel, na segunda-feira a convocar uma reunião de emergência com líderes regionais e fabricantes de vacinas. A Itália está pensando em um processo contra as empresas farmacêuticas que não cumpriram os cronogramas de fornecimento de vacinas.

A Espanha e a França afirmaram na sexta-feira que teriam que adiar as novas injeções da primeira dose por até duas semanas para garantir que aqueles que receberam a primeira dose possam obter a segunda, e Portugal afirmou na semana passada que a conclusão da primeira dose das vacinações pode ser adiada por até dois meses.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse em uma declaração na semana passada que apoiava o uso de "todos os meios legais e medidas de execução à nossa disposição nos termos dos Tratados (da UE), para garantir a produção e o fornecimento eficazes de vacinas para nossa população".

As vacinas aprovadas até o momento pela UE são da joint venture EUA-Alemanha Pfizer e BioNTech, da multinacional sueco-britânica AstraZeneca e da Moderna dos Estados Unidos.

A Pfizer e a BioNTech afirmaram na segunda-feira que entregariam mais de dois bilhões de doses globalmente este ano, em vez de 1,3 bilhão como anunciado anteriormente, incluindo 75 milhões de doses extras para os países europeus entre abril e junho. A AstraZeneca afirmou que fornecerá nove milhões de doses extras de sua vacina até março, embora isso ainda deixe a empresa bem abaixo de sua meta original. Nenhum dos acréscimos deverá ter um grande impacto em curto prazo.

Analistas do setor de saúde disseram que os atrasos criam sérios problemas em várias frentes.

"O impacto mais imediato vem dos milhares de moradores da União Europeia morrendo todos os dias e das dezenas de milhares de infectados diariamente devido ao coronavírus", disse à Xinhua, Silvio Garattini, cientista-pesquisador e ex-diretor do Instituto Mario Negri de Pesquisa Farmacológica. "Ainda mais problemático é que quanto mais tempo em circulação, mais variantes do vírus evoluirão".

Algumas variantes que evoluíram até agora foram relatadas, incluindo aquelas detectadas no Brasil, Reino Unido e África do Sul. Mas Garattini disse que mais de 30.000 variantes diferentes foram registradas até o momento, surgindo mais a cada dia.

Algumas dessas variantes são "mais fracas do que as que já vimos", disse Garattini, mas outras "serão mais mortais ou mais transmissíveis. Portanto, temos que agir urgentemente para vacinar o maior número possível de pessoas o mais rápido possível, não apenas na Europa, mas globalmente".

Mais de 3,5 milhões de doses de vacinas foram enviadas para a Alemanha, das quais 2,2 milhões já foram usadas na última sexta-feira, segundo o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn. Até agora, 2,2 por cento da população alemã recebeu sua primeira vacinação.

Seguem a Itália, com quase 1,6 milhão, e a Espanha, com quase 1,4 milhão, seguida pela França com 1,1 milhão. Nenhum outro estado-membro da UE ultrapassou um milhão, embora a Polônia deva ultrapassar esse número esta semana.

Em uma base per capita, os estados com populações menores lideraram o caminho, com Malta, Dinamarca e Irlanda os únicos estados-membros a terem distribuído pelo menos uma dose de vacina para pelo menos três por cento de suas populações.

A tendência é semelhante para quem já recebeu duas doses completas da vacina. A Bélgica, com mais de dois por cento de sua população totalmente vacinada (um estágio que requer duas doses dentro de um período fixo), é o líder nessa categoria por uma margem maior. A República Tcheca e a Dinamarca são os únicos outros países que vacinaram totalmente pelo menos 0,5 por cento de sua população, embora a Itália também esteja se aproximando desta marca.

Em uma resposta por e-mail a perguntas da Xinhua, um alto funcionário da Comissão Europeia disse que a desaceleração mostrou a necessidade de ter acesso a vacinas além das três que já estão em andamento.

"A Europa precisa de um amplo portfólio de vacinas candidatas com base em diferentes abordagens tecnológicas para maximizar as chances de desenvolver, fabricar e implantar rapidamente uma vacina para todos os europeus", disse o funcionário, que preferiu permanecer anônimo.

Na mesma linha, o presidente do Conselho Superior de Saúde da Itália, Franco Locatelli, e o virologista Matteo Bassetti, pediram na semana passada que a Itália começasse a usar a Sputnik V, uma vacina desenvolvida na Rússia, e pediu a avaliação de vacinas fabricadas na China.

Por enquanto, a Hungria é o único estado-membro da UE que autorizou o uso da vacina chinesa Sinopharm e da vacina russa contra COVID-19.

"Existem mais de 60 vacinas em testes clínicos e devemos estudar todas elas", disse Garattini.

Um total de 236 vacinas candidatas ainda estão sendo desenvolvidas em todo o mundo, com 63 delas em testes clínicos em países como Alemanha, China, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos, de acordo com informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde no dia 26 de janeiro.

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