Perspectivas econômicas sombrias dão golpe duplo em Europa assolada pelo coronavírus

Bruxelas, 6 abr (Xinhua) - Uma imagem sombria das economias europeias entrando em recessão, prevista por associações da indústria e funcionários do governo na segunda-feira, deu um golpe duplo no continente assolado pelo coronavírus.

O produto interno bruto (PIB) na zona do euro e a União Europeia (UE) provavelmente cairá de 3 a 5 por cento em 2020, enquanto o PIB global cairá entre 0,5 e 3 por cento, disse na segunda-feira a Federação das Indústrias Alemãs (BDI).

Durante os últimos 50 anos, a última vez que a produção econômica global caiu foi em 2009, uma queda de 1,7 por cento, segundo o BDI.

Em sua primeira aparição pública na segunda-feira após a quarentena doméstica, a chanceler alemã, Angela Merkel, alertou que a UE está enfrentando o "maior teste desde a sua fundação".

A pandemia produziu um "choque simétrico" e todos os países são "igualmente afetados", disse Merkel.

O BDI previa que o PIB nos EUA diminuiria de 2 a 4 por cento e no Japão, de 1 a 3 por cento.

"Uma forte recessão nos Estados Unidos, Europa e Japão é inevitável este ano", disse o diretor-geral do BDI, Joachim Lang.

Na UE, dependeria muito "da rapidez com que as duras medidas da política de saúde" na Itália, Espanha, França, Alemanha e muitas economias menores entrariam em vigor, observou o BDI.

A associação da indústria previu que o PIB da Alemanha diminuiria de 3 a 6 por cento em 2020.

Na França, o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, alertou na segunda-feira que o crescimento provavelmente registrará sua pior crise no pós-guerra.

"O pior número de crescimento obtido pela França desde 1945 foi em 2009 após a crise financeira de 2008: foi de -2,2 por cento", disse o ministro. "Provavelmente estaremos com mais de -2,2 por cento este ano".

As economias menores da Europa também devem sentir o impacto.

As últimas previsões do banco central da Letônia sugerem que o PIB do Estado Báltico poderá diminuir 6,5 por cento neste ano.

Mas seu governador, Martins Kazaks, disse na segunda-feira que não descartou uma contração ainda mais severa.

"Os dados atuais mostram que a cada mês a economia é reduzida em cerca de dois a três pontos percentuais", disse Kazaks, enfatizando que o nível de incerteza é muito alto.

Se a batalha contra o vírus se prolongar, a economia da Letônia poderá sofrer perdas ainda maiores, disse ele.

Na Dinamarca, o PIB cairia de 3,5 a 5,5 por cento este ano, de acordo com um relatório divulgado na segunda-feira pelo Conselho Econômico da Dinamarca.

No cenário mais otimista do conselho, a economia dinamarquesa retornará aos níveis normais de maneira relativamente rápida após a reabertura após a Páscoa, mas o PIB cairá 3,5 por cento.

No entanto, em um cenário pessimista, se outra onda de contágio se seguir à reabertura da sociedade na Páscoa, isso resultaria em um segundo desligamento e em um novo pacote de ajuda que contribuiria para um declínio do PIB de 5,5 por cento.

"Ambos os cenários envolvem grandes déficits do governo e um aumento no índice de dívida pública", afirmou o relatório.