Turquia rejeita proposta dos EUA de cessar-fogo com forças curdas na Síria

Ancara, 15 out (Xinhua) - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou na terça-feira a oferta de seu colega americano, Donald Trump, de um cessar-fogo com os combatentes curdos sírios, mas concordou em manter um diálogo com Washington.

Falando aos jornalistas a caminho de Bacu para Ancara, Erdogan disse em uma conversa por telefone com Trump, que Trump propôs mediar um cessar-fogo entre a Turquia e as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) na Síria e decidiu enviar uma delegação para Ancara para essa proposta.

A delegação, liderada pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, chegará à Turquia na quarta-feira, disse Erdogan, acrescentando que não aceitará um cessar-fogo com o YPG primeiro.

"Eu disse ao presidente Trump que não declararíamos um cessar-fogo antes de discutir outras questões... faremos um acordo primeiro, depois falaremos sobre a trégua", disse a emissora turca NTV, citando Erdogan.

As forças armadas turcas estão fazendo um esforço para limpar o norte da Síria de "organizações terroristas" e a Turquia não pode declarar um cessar-fogo diante do YPG, que Ancara vê como o ramo proibido sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que foi eliminado de suas fronteiras, disse Erdogan.

Com relação às sanções dos EUA anunciadas na segunda-feira, o presidente turco observou que os Estados Unidos estão exercendo pressão sobre Ancara, pois o YPG está rapidamente perdendo sua posição depois que a Turquia lançou a Operação Primavera da Paz no norte da Síria.

"Não temos preocupações com nenhuma sanção", enfatizou ele.

Em relação à declaração russa que as forças do governo sírio controlaram totalmente a cidade síria de Manbij, para a qual o exército turco está avançando, Erdogan disse que "isso não é um problema".

"No final, é a terra deles (síria)", disse Erdogan, enfatizando que, no entanto, é importante que a Turquia elimine a presença do YPG na cidade.

No dia 9 de outubro, a Turquia iniciou a campanha militar no norte da Síria, na tentativa de retirar o YPG da área. A operação turca também visa criar uma zona segura no norte da Síria para reinstalar milhões de refugiados sírios hospedados pela Turquia.

A campanha ocorreu após a retirada das forças americanas do norte da Síria, que foi visto como um sinal de abandono das forças curdas, consideradas aliadas de Washington na luta contra os militantes do Estado Islâmico na Síria.

Um acordo, no entanto, foi recentemente alcançado entre as forças curdas e Damasco, o que levou à entrada do exército sírio em áreas controladas pelos curdos, incluindo a cidade de Manbij, para protegê-los contra o ataque turco.

Enquanto isso, os EUA lançaram na segunda-feira um pacote de sanções contra a Turquia por causa de sua operação militar na Síria.