Trump avalia cortes de impostos diante de ameaça de recessão

Washington, 20 ago (Xinhua) -- O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta terça-feira que está considerando cortes múltiplos de impostos para reforçar a economia que os especialistas temem que entre em recessão, uma visão que o presidente negou.

Conversando com repórteres na Casa Branca, Trump disse que está pensando em reduzir os impostos sobre ganhos de capital, os indexando à inflação, bem como promulgar cortes de impostos sobre a folha de pagamento.

"Estamos falando sobre indexação há muito tempo e muitas pessoas gostam de indexação", disse Trump. "Isso pode ser feito diretamente por mim."

De acordo com a atual política tributária, as famílias devem impostos sobre o valor nominal total de certos ganhos de capital, e a mudança potencial indexaria a base de ativos à inflação, isentando dessa forma os ganhos resultantes da inflação e deixando apenas o valor real de qualquer ganho de capital como receita tributável.

A análise do Modelo de Orçamento da Penn-Wharton sugere que a proposta custaria 102 bilhões de dólares americanos na próxima década. A equipe de pesquisa disse em um estudo publicado no dia 23 de março de 2018 que "as famílias de alta renda se beneficiariam mais" da mudança de política.

Trump disse que "adoraria fazer algo com ganhos de capital... Isso é um grande negócio; isso passa pelo Congresso".

Sobre os impostos sobre a folha de pagamento, o presidente disse que é "algo em que pensamos e muita gente gostaria de ver isso, e isso afeta muito os trabalhadores do nosso país". Os impostos sobre a folha de pagamento são geralmente usados ​​para financiar programas da rede de segurança social, como o Seguro Social e o Medicare.

Trump foi mais tarde desafiado por um repórter que perguntou se o país pode arcar com mais cortes de impostos, já que está com déficit de 1 trilhão de dólares. Trump respondeu: "Eu não estou falando sobre fazer nada neste momento".

A administração Trump terá que obter apoio do Congresso para adotar ambas as medidas, e analistas acreditam que seria difícil para as duas reduções de impostos passarem na Câmara controlada pelos democratas.

Os economistas esperam uma recessão na economia americana já nos próximos dois anos. A Associação Nacional de Economia Empresarial informou nesta segunda-feira que 98% dos economistas-membros que responderam à sua mais recente Pesquisa de Política Econômica acreditam que a recessão ocorrerá depois de 2019.

Entre esses 226 entrevistados, 38% previram que a recessão ocorrerá em 2020, e 34% esperam que isso aconteça em 2021.

Trump continuou a negar que os EUA estão entrando em recessão, dizendo que o país está "muito longe de uma recessão".

O presidente disse acreditar que "a palavra recessão é uma palavra inapropriada", acusando "certas pessoas e a mídia" de tentar construir a retórica da recessão "porque gostariam de ver uma recessão".

Um dos sinais que apontam para uma recessão próxima é a recente inversão da curva de rendimento, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de prazo mais longo caíram abaixo dos rendimentos dos títulos de prazo mais curto. No dia 14 de agosto, o rendimento das obrigações do Tesouro dos EUA a 10 anos pela primeira vez desde 2007 caiu abaixo do rendimento do título dos EUA de 2 anos.

Inversões de curva de rendimento geralmente ocorreram com recessões. O fenômeno sugere que os investidores estejam nervosos com as perspectivas econômicas imediatas e exigem rendimentos mais altos em empréstimos de curto prazo.