Íntegra do artigo assinado por Xi em jornal argentino

2018-11-29 04:05:22丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 28 nov (Xinhua) -- Um artigo assinado pelo presidente chinês, Xi Jinping, intitulado "Abrir Uma Nova Época para as Relações China-Argentina", foi publicado nesta quarta-feira no jornal argentino Clarín, antes de sua visita de Estado ao país sul-americano.

Segue o texto completo:

Abrir uma Nova Época para as Relações China-Argentina

Xi Jinping

Presidente da República Popular da China

Tenho muito prazer em participar da Cúpula de Buenos Aires do G20 e fazer uma visita de Estado à República Argentina a convite do presidente Mauricio Macri nesta estação promissora de primavera no hemisfério sul.

Como diz um poema chinês, "Se você tiver um amigo longe que conhece o seu coração, a distância não vai afastá-los". Os povos da China e da Argentina, amantes da paz, dão um ao outro entendimento e apoio recíproco, apesar da distância geográfica entre nós. E as nossas relações bilaterais passaram no teste das circunstâncias internacionais, em mudança, e estabeleceram um exemplo de solidariedade e cooperação para o desenvolvimento comum entre as duas economias emergentes e países em desenvolvimento.

-- A China e a Argentina são boas amigas que se confiam. Durante nossas quatro reuniões em um curto prazo de dois anos, o presidente Macri e eu chegamos ao acordo importante sobre as maneiras de aumentar as relações bilaterais e estamos unidos em prestar enorme importância aos laços China-Argentina. A China apoia firmemente a Argentina em explorar o caminho de desenvolvimento adequado para suas condições nacionais e tem toda confiança em seu futuro. Os mecanismos bilaterais --como o comitê permanente intergovernamental, o diálogo estratégico para a cooperação e a coordenação econômica, o comitê de diálogo político parlamentar e a comissão mista de cooperação econômica e comercial-- vêm operando estavelmente, injetando um forte ímpeto no progresso contínuo das relações bilaterais. Nossos dois países têm apoiado um ao outro nos assuntos de respeito à soberania e conservação da integridade territorial.

-- A China e a Argentina são boas parceiras de desenvolvimento comum. A China é o segundo maior parceiro comercial da Argentina e o maior destino de suas exportações agrícolas. Em 2017, o comércio bilateral chegou a US$ 13,8 bilhões, cerca de 2,3 mil vezes maior do que na época do estabelecimento das relações diplomáticas. Fruta fresca, carne bovina, vinho tinto e frutos do mar da Argentina são bem populares entre os consumidores chineses. A China investiu mais de US$ 10 bilhões na Argentina em setores como infraestrutura, energia, comunicações e agricultura, criando milhares de empregos locais. Os produtos e tecnologias chinesas têm contribuído para a busca argentina de maiores conectividade e competitividade. Nossos dois países aumentaram a escala dos swaps cambiais. Instituições financeiras abriram sucursais na Argentina. Essa cooperação financeira tem fornecido apoio e serviços para o desenvolvimento econômico e social da Argentina.

-- A China e a Argentina são boas amigas que apreciam os êxitos uma da outra e valorizam o entendimento mútuo. Há duas paixões para os argentinos, ambas focando nos movimentos dos pés. Uma é o futebol, e a outra é o tango. Jogadores e treinadores argentinos de futebol participam das ligas chinesas. E grupos de jovens chineses recebem treinamento de futebol na Argentina. Há associações e clubes de tango em muitas cidades chinesas. E dançarinos chineses concorrem e ganham medalhas nos torneios mundiais de tango. Entre os argentinos, há um interesse constante na China e na língua chinesa. O lendário escritor Jorge Luis Borges fez alusões em suas obras a elementos chineses, como o filósofo Chuang Tzu, que sonhava em ser uma borboleta, e a Grande Muralha. E ele tinha uma bengala de laca chinesa. Mais de 800 mil argentinos participaram das feiras de templo durante a Festa da Primavera nas comunidades locais no início deste ano. Os Institutos Confúcio e escolas públicas de tempo integral que ensinam chinês e espanhol são lotados de estudantes. Nossos dois lados também estão trabalhando para deixar as conexões de voos mais convenientes para os turistas chineses viajarem à Argentina e gozarem das belezas das geleiras, cachoeiras e a cultura gaúcha.

O mundo que vivemos hoje em dia está registrando enormes mudanças, sem precedentes no último século. Embora o ímpeto de multipolaridade e globalização econômica seja imparável, crescentes desafios globais também surgiram. Tanto a China quanto a Argentina estão em uma etapa crucial de desenvolvimento. O povo chinês está fazendo esforços persistentes para realizar o sonho chinês de grande rejuvenescimento nacional. E o povo argentino está se esforçando a realizar o sonho argentino de desenvolvimento e revitalização. Vamos aproveitar as oportunidades históricas, andar para frente com os tempos e dar as mãos para abrir uma nova época da parceria estratégica abrangente China-Argentina para beneficiar mais os nossos povos.

Primeiro, devemos fortalecer a comunicação estratégica com base no respeito e confiança mútuos. A fim de aumentar as nossas relações bilaterais, é importante elaborar um plano com uma visão mais ampla para orientar os intercâmbios intensificados em várias áreas entre os governos, legislativos e partidos políticos e em níveis subnacionais, e para aumentar o compartilhamento de experiência de governança. É importante que fortaleçamos o entendimento mútuo e a confiança política e que demos um ao outro apoio firme e contínuo nos assuntos de interesses e preocupações principais.

Segundo, devemos aprofundar a cooperação prática para resultados de ganho mútuo. Esforços devem ser feitos para apresentar melhor sinergia de nossas estratégias de desenvolvimento para impulsionar a Iniciativa do Cinturão e Rota. A cooperação será aprofundada nas áreas chave como infraestrutura, energia, agricultura, mineração e manufatura. A facilitação do comércio será promovida, e assim como serão os novos modelos de cooperação, como o e-commerce. A China dá as boas-vindas à contínua participação da Argentina na Exposição Internacional de Importação da China e espera ver mais exportações argentinas à China. Estamos à espera de mais produtos e serviços argentinos de alto valor agregado no mercado chinês, que apoiarão certamente a transformação da Argentina de celeiro do mundo ao supermercado do mundo.

Terceiro, devemos expandir os intercâmbios pessoais para o entendimento mútuo. Mais interações pessoais serão alentadas, e a cooperação em cultura, educação, ciência e tecnologia, esportes e turismo e nos níveis subnacionais será expandida. Mais medidas serão introduzidas para facilitar os fluxos pessoais e compartilhar a experiência de desenvolvimento. Tudo isso contribuirá para um suporte público mais forte para a amizade China-Argentina.

Quarto, devemos fortalecer a coordenação e a colaboração para o apoio mútuo. A coordenação sob os marcos multilaterais será fortalecida, incluindo nas Nações Unidas, G20, Organização Mundial do Comércio e o Grupo dos 77, a fim de consolidar o apoio para a globalização econômica e o sistema de comércio multilateral e proteger os interesses fundamentais dos mercados emergentes e países em desenvolvimento. Em conjunto, faremos nossas contribuições para manter a paz mundial e construir uma economia mundial aberta e uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.

O crescimento abrangente e rápido das relações China-Argentina é um epítome das relações brilhantes entre a China e os países na América Latina e no Caribe. A China e os países latino-americanos e caribenhos, como importantes países em desenvolvimento e mercados emergentes, enfrentam todos oportunidades e desafios sem precedentes. Portanto, é importante para nós aprofundarmos a cooperação e fazermos progresso com esforços concertados. É por esse motivo que propus a formação de uma comunidade com futuro compartilhado e a formulação de um novo plano para a cooperação do Cinturão e Rota entre a China e os países latino-americanos e caribenhos. Ambas as iniciativas foram aplaudidas cordialmente pelos amigos dos países na região. Orientada pelo princípio de consulta, colaboração e benefício para todos, a China está disposta a trabalhar com os países latino-americanos para promover a conectividade nas cinco áreas de prioridade, que são política, infraestrutura, comércio, finanças e relações entre os povos. Tudo isso ajudará a transferir a cooperação do Cinturão e Rota em mais benefícios tangíveis para nossos povos e facilitará a atualização de cooperação e o estímulo de novas áreas de crescimento em nosso vínculos.

Este ano marca o 10º aniversário da Cúpula do G20. Ao longo da década, o G20, com seus êxitos notáveis em lidar com a crise financeira internacional e promover a recuperação global, tornou-se uma âncora da economia mundial e um propulsor da governança econômica global. É importante o G20 manter seu papel de fórum principal da cooperação econômica internacional, levar à prática o consenso das cúpulas anteriores e traçar o curso para a economia mundial. Sob o tema de "Construir Consenso para o Desenvolvimento Justo e Sustentável", a China dará seu apoio completo à Argentina para sediar uma cúpula do G20 bem-sucedida, pela qual temos toda a expectativa.

Esperamos que o G20 permaneça comprometido com o espírito de solidariedade e parceria. Como tem sido fundamental em orientar o G20 a passar pelas tempestades da crise financeira internacional, o espírito continuará inspirando o G20 no manejo das rédeas da economia mundial. Impulsionar a economia mundial juntamente no caminho correto é a missão fundamental e tarefa primordial do G20. Devemos fortalecer a coordenação e cooperação em macropolítica e, o que é mais importante, devemos defender de modo inequívoco o sistema de comércio multilateral e construir uma economia mundial aberta.

Esperamos que o G20 continue avançando o processo da globalização econômica. A China elogia a visão focada no povo para a cooperação do G20, defendida pelo presidente Macri. A globalização econômica tem fornecido uma força robusta para o crescimento global e tem permitido fluxos de mercadorias e capital, avanços em ciência e tecnologia, progresso das civilizações, e interações entre os povos de diferentes países. Em relação aos problemas que apareceram nesse processo, devemos tomar uma medida proativa e bem cuidado, agir a favor da construção de uma comunidade com futuro compartilhado apra a humanidade e buscar uma globalização econômica mais aberta, inclusiva e equilibrada de acordo com o princípio de consulta, colaboração e benefício para todos a fim de servir os interesses dos povos de todos os países.

Esperamos que o G20 continue liderando na formação dos caminhos para o crescimento guiado pela inovação e a governança a longo prazo. Novas tecnologias e novas formas de negócios têm criado oportunidades e desafios. Os países devem formar novos motores para o crescimento global através de inovação e construir o ímpeto da economia digital e a nova revolução industrial. Como a inovação pode causar riscos e desafios para o emprego, é importante equipar melhor nossos trabalhadores com a capacidade de adaptar-se à transformação tecnológica. Devemos continuar colocando o desenvolvimento na frente e no centro da coordenação de macropolítica global e levar em consideração a necessidade de desenvolvimento nas discussões de cooperação internacional em todas as áreas. As preocupações dos países em desenvolvimento devem ser acomodadas, e o espaço de seu desenvolvimento deve ser preservado. Esforços devem ser feitos para apoiar a conectividade de infraestrutura e ajudar os países em desenvolvimento a superar as dificuldades de crescimento e alcançar o desenvolvimento sustentável.

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