Ex-PM do Reino Unido diz que parlamento deveria ter voto final sobre acordo Brexit

Londres, 12 nov (Xinhua) -- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse na segunda-feira que o parlamento deveria ter o voto final sobre qualquer acordo do Brexit com a União Europeia (UE).

"Seria uma farsa da democracia se não houvesse um debate aberto na Câmara dos Comuns sobre o acordo", disse Brown em um comunicado no Instituto para o Governo (IFG, na sigla em inglês), um grupo de estudos independente de política social em Londres.

"Temos que discutir para que todos os pontos de vista sejam ouvidos, e para as emendas serem ouvidas antes de se ter o voto conclusivo e uma dessas emendas deve ser a oportunidade de renegociar o acordo que o governo fez se as pessoas acharem que não está satisfatório" disse Brown, que foi primeiro ministro entre 2007 e 2009.

Brown apoiou o princípio do parlamento britânico de enviar qualquer acordo feito pelo governo da primeira-ministra Theresa May e a UE de volta para os líderes da UE em Bruxelas para renegociação, caso o parlamento britânico não votar a favor.

"Não tem poque não podemos voltar a Bruxelas e dizer ‘este não é o acordo que queremos ", disse ele.

As conversações entre o Reino Unido e a UE sobre a saída do bloco estão paralisadas, com o principal impedimento sendo o status da fronteira entre a região britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, a única fronteira terrestre que o Reino Unido tem com a UE.

Uma parte influente e de voz dentro do Partido Conservador de May, apoia um não-acordo com a UE, caso um acordo signifique o compartilhamento de elementos de soberania, como o controle sobre acordos comerciais, tarifas e fronteiras.

Nessas circunstâncias, os chamados "Hard Brexiters" apoiariam um acordo futuro entre o Reino Unido e a UE, onde o comércio e as tarifas seriam regulados pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), conhecidas como "No Deal Brexit".

Brown disse acreditar que não é necessário aceitar um “No Deal”. "A alternativa deste voto não é “No Deal” versus o “Único Deal on the Table”, parece-me que é possível voltar atrás e renegociar", observou ele.

Uma vez que um acordo tenha sido acordado, Brown argumentou, então deveria haver um segundo referendo para o povo britânico dar sua opinião sobre ele.

"Acho que haverá um segundo referendo. Acredito que, no final, a situação terá mudado desde 2016 e que as pessoas devem, no final, ter a palavra final", disse Brown.

Brown acredita que o processo do Brexit foi falho e deficiente, uma vez que depois de mais de dois anos desde a votação do referendo Brexit em junho de 2016, ainda não há clareza sobre o que o Brexit significa.

"Seja qual for o acordo, ou se houver um acordo, as questões de longo prazo não estão resolvidas", disse Brown, citando a ausência de acordo sobre tarifas, livre circulação de pessoas e o poder de assinar acordos comerciais.