Sinal de maior abertura da China traz benefícios para países lusófonos

2018-03-14 19:24:38丨portuguese.xinhuanet.com

Por Bi Yuming, Liu Guobin, Liu Long

Beijing, 14 mar (Xinhua) -- Neste ano celebra-se o 40º aniversário da Reforma e Abertura da China. No mais recente relatório de trabalho do governo, divulgado em 5 de março na primeira sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional, a China prometeu intensificar a reforma e abertura, promover a formação de uma nova conjuntura de abertura integral, e dedicar-se à construção de uma economia global aberta, um sinal positivo que trará maiores benefícios para países de língua portuguesa.

MAIOR ABERTURA PARA BENEFÍCIO MÚTUO

"A política de reforma e abertura é o único caminho para a China moderna consolidar os progressos no seu desenvolvimento e dar novos passos rumo ao Sonho Chinês", disse Luís Filipe Lopes Tavares, ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro da Defesa de Cabo Verde. Ele acrescentou que, como amigo da nação asiática, o país deseja à China e ao seu povo os maiores sucessos nesta caminhada de afirmação da China como grande-potência global. O funcionário espera uma China mais aberta para oferecer mais oportunidades para o desenvolvimento dos países africanos.

O embaixador de Portugal em Beijing, José Augusto Duarte, apontou que "a China é um grande investidor em Portugal, e tem com esses investimentos contribuído para criar muito emprego, para fixar as vagas de trabalho e dar uma contribuição muito importante para a economia". Segundo ele, anteriormente a China para Portugal era um país muito importante do ponto de vista da história, mas desde 2011, tornou-se um dos principais investidores no país europeu.

"Digo a China quando me refiro a uma série de empresas estatais e privadas chinesas que têm investido e feito suas opções estratégicas em Portugal, em setores tão diferentes como a saúde, a energia, o sistema bancário, o sistema de seguros, água e tratamento de água", indicou o embaixador. O diplomata acrescentou que estes investimentos aproximam os dois países e "criam novas parcerias, novos interesses conjuntos". "Nós sentimos que juntos temos mais a ganhar do que separados", completou.

Nos anos recentes, as relações econômicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa foram intensificadas. Em 2017, o valor total das exportações e importações entre a China e os países lusófonos ultrapassou US$ 117,5 bilhões, um aumento anual de 29,4%. A China é o maior parceiro comercial do Brasil por oito anos consecutivos, e é o maior parceiro comercial de Portugal e de Cabo Verde na Ásia. Na festa chinesa de compras online de 2017, que se celebra em 11 de novembro todos os anos, em apenas 15 minutos, mais de 26 toneladas de carne bovina brasileira foram vendidas no tmall.com para cerca de 20 mil consumidores chineses. No mesmo dia, uma diplomata brasileira entregou pessoalmente à porta de uma consumidora em Shanghai carne bovina e frango do Brasil comprados no site.

No setor de investimento, as aplicações chinesas no mundo lusófono totalizaram mais de US$50 bilhões, sendo a China um dos maiores investidores estrangeiros em Portugal e Moçambique. Empresas do país asiático cooperam com empresas lusófonas e, através de novas formas de cooperação em setores como eletricidade e seguros, obtiveram benefícios para todas as partes participantes.

No caso do Brasil, segundo Zhang Guanghua, da Associação Brasileira de Empresas Chinesas, mais de 300 companhias do país asiático investiram no Brasil um valor total de US$ 40 bilhões, e contrataram mais de 20 mil pessoas.

INICIATIVA DO CINTURÃO E ROTA É FOCO

De acordo com Zhou Zhiwei, diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesas de Ciências Sociais, a China emitiu um sinal positivo de abertura e acelerará a cooperação econômica e comercial internacional via a Iniciativa do Cinturão e Rota, o que vai facilitar a elaboração e o ajuste da própria estratégia de desenvolvimento de cada país de língua portuguesa, a fim de combiná-la com a iniciativa chinesa.

A Iniciativa, proposta pela China em 2013 e composta do Cinturão Econômico da Rota da Seda e da Rota da Seda Marítima do Século 21, é vista pelos países lusófonos como uma grande oportunidade.

Todos os países de língua portuguesa são litorais ou insulares. Entre eles, Portugal, Moçambique e Timor Leste ficam ao longo da antiga Rota da Seda Marítima, que mostra nova vitalidade com a Iniciativa, disse Wang Cheng'an, ex-secretário-geral do Fórum para Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau).

Em 2016, a China e os países lusófonos decidiram na 5ª Conferência Ministerial do Fórum escrever a Iniciativa do Cinturão e Rota no seu Plano de Ação. Em 2017, o Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional foi realizado em Beijing, com a presença de representantes de Portugal, Brasil e Moçambique.

O chanceler de Cabo Verde, Luís Filipe Lopes Tavares, acredita que a cúpula do Fórum de Cooperação China-África, que será realizada em setembro na capital chinesa, "promoverá uma efetiva parceria estratégica, apoiada em programas de cooperação que convergem a Iniciativa do Cinturão e Rota com a Agenda 2063, da União-Africana, de modo a se promover ganhos mútuos para as nossas economias".

Gaio Doria, estudante brasileiro da Universidade Renmin, em Beijing, e especialista em teoria do Socialismo com Características Chinesas, assinalou que a Iniciativa do Cinturão e Rota "tem um grande potencial no Brasil e na América Latina" e "é uma excelente maneira de casar a oferta chinesa de investimento direto e a demanda dos países latino-americanos por infraestrutura".

"A Iniciativa do Cinturão e Rota é a maior oportunidade e uma oportunidade histórica para a cooperação econômica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa", assinalou Wang Cheng'an.

CRESCIMENTO CHINÊS É BENEFÍCIO DO MUNDO

No relatório de trabalho do governo, a China manifesta que sua maior abertura tem promovido seu próprio desenvolvimento e trouxe importante oportunidade para o mundo.

Segundo o embaixador português, José Augusto Duarte, todo o grande crescimento econômico da China tem uma consequência para a dinamização da economia mundial e, portanto, o crescimento da China significa crescimento de outros países. "A taxa de 6,9% é uma excelente taxa de crescimento", comentou, se referindo ao crescimento do PIB chinês em 2017. O diplomata acrescentou que "o que é bom para a China em termos econômicos e para o cidadão chinês é certamente uma boa notícia para nós portugueses a muitos milhares de quilômetros de distância e, portanto, esse crescimento econômico é certamente visto com enorme satisfação em Portugal e pelos portugueses".

Apesar de chegar à China há apenas alguns meses, o embaixador português já experimentou e ficou maravilhado com algumas invenções tecnológicas da China, por exemplo, o trem de alta velocidade. Ele disse ter tirado muitas fotografias do trem na sua viagem entre Beijing e Shanghai, e as enviado pelo WeChat para sua família e seus amigos em Portugal. Ele espera que investimentos chineses também cheguem às linhas de ferro de Portugal.

O acadêmico brasileiro Gaio Doria apontou que a Reforma e Abertura "abriu o caminho do Socialismo com Características Chinesas e demonstrou uma nova via de desenvolvimento socialista". "As relações bilaterais são naturalmente impulsionadas pela expansão da economia chinesa e da crescente internacionalização do país", comentou sobre as relações entre o Brasil e a China. Ele assinalou que "a necessidade de trocar experiências de governança e de fazer negócios tendem a se aprofundar na mesma medida que se aprofunda a Reforma e Abertura".

O chanceler de Cabo Verde, Luís Filipe Lopes Tavares, espera conhecer experiências chinesas nas áreas de estratégia de inovação, alívio da pobreza e proteção ambiental. Segundo ele, estes setores são prioridades de trabalho no 13º Plano Quinquenal (2016-2021) da China, que já demonstram bons resultados nos dois anos decorridos.

"As reuniões anuais da Assembleia Popular Nacional e do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês são as primeiras duas sessões após o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China", lembrou o chanceler de Cabo Verde. "Desejamos que as reuniões sejam marcos históricos na prosperidade da nação chinesa", acrescentou Tavares.

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