Números de vendas do varejo no trimestre no Reino Unido apontam para aumento da taxa de juros

Londres, 19 out (Xinhua) -- Apesar do crescimento mensal fraco em números de vendas de varejo britânicos revelados nesta quinta-feira, os valores trimestrais são flutuantes, apontando para um possível aumento da taxa de juros básica do país nos próximos meses.

O volume de vendas no varejo mostrou uma queda mensal de 0,8% em setembro, abaixo da expectativa de consenso de redução de 0,1%, segundo dados do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS).

A taxa anual de volumes de vendas a 1,2% é inferior à taxa de 5-6% observada no final de 2016.

A fraqueza foi ampla e vista em todos os setores, exceto no varejo online. Em termos de volume, lojas de venda de produtos não-alimentares teve uma queda de 1,5%, mas isso só reverteu os ganhos em agosto, quando estas tiveram um aumento nas vendas.

O varejo online foi o único componente a ter crescimento nas vendas, com um aumento de 2,3% em relação a setembro.

No entanto, os números de setembro vieram após dois meses de forte crescimento, deixando o terceiro trimestre em uma situação saudável.

"Embora os números das vendas no varejo de setembro tenham sido muito mais fracos do que o esperado, o crescimento ainda manteve um ritmo razoavelmente bom durante o terceiro trimestre", disse à Xinhua Ruth Gregory, economista britânica da empresa de análise de dados Capital Economics, baseada em Londres.

Os gastos dos consumidores ainda subiram 0,6% em relação ao terceiro trimestre, após grandes aumentos em julho e agosto. Isso indica que as vendas, que representam cerca de um terço dos gastos gerais do consumidor, aumentarão o crescimento do PIB no trimestre.

"Com um crescimento anual das vendas de varejo forte, em cerca de 4,5%, falar de consumidores apertando os cintos em resposta às incertezas do Brexit e maior inflação parece exagerado", disse Gregory.

O crescimento real da renda é negativo diante da inflação, que atingiu 3% em setembro. O governador do Bank of England (BOE), Mark Carney, disse nesta semana que esperava que a inflação suba ainda um pouco mais antes de cair.

A inflação tem sido gerada pela forte queda da libra logo após a votação do Brexit, mas isso agora está passando através do sistema.

Gregory acrescentou que ela duvida que os números irão dissuadir o Comitê de Política Monetária do BOE (MPC) de elevar as taxas de juros na próxima reunião, no início de novembro.

Um aumento na taxa de juros seria a primeira vez que o banco central eleva a taxa de juros desde julho de 2007, quando a taxa era de 5,75%.

Um aumento marcaria um cancelamento da maior flexibilização monetária de 25 pontos base que o Banco aprovou em agosto passado, logo após a votação do referendo do Brexit realizada em junho de 2016.

Essa flexibilização foi realizada para evitar os ventos econômicos antecipados da votação do Brexit, e levou a taxa de juros da economia a um nível inferior recorde de 0,25 por cento.