Brasil toma conhecimento do teor das gravações e delações de Joesley Batista que abalaram o país

2017-05-22 10:47:21丨portuguese.xinhuanet.com

Brasília, 22 mai (Xinhua) -- A divulgação da gravação de um encontro em março entre o presidente do Brasil, Michel Temer, e o empresário Joesley Batista, do grupo frigorífico JBS, colocou mais lenha na fogueira da crise política brasileira que vive um momento de incerteza com relação à permanencia do atual governo.

Liberado para publicação, assim como os depoimentos de Batista e outros executivos do grupo em delações premiadas, o áudio se refere a uma conversa realizada na noite de 7 de março no Palácio Jaburu, residência oficial do vice-presidente onde Temer optou por continuar morando em vez de mudar-se para o Pálacio Alvorada, destinado ao chefe da nação.

Na gravação de cerca de 40 minutos, Batista informou a Temer que mantinha "boas relações" com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, cassado e atualmente preso em Curitiba, acusado de vários episódios de corrupção.

Temer confirma a necessidade dessa boa relação: "Tem que manter isso, viu". Após um trecho inaudível, se escuta Batista dizendo "todo mês também" e o mandatário respondendo: "É", o que, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR) se referia a uma propina para comprar o silêncio de Cunha, que até agora não fez delação premiada.

O presidente teve acesso a uma cópia da gravação e negou tudo."Não estou comprando o silêncio de ninguém, isso não é verdade. Os áudios comprovam isso", disse em alusão à frase "tem que manter isto, viu", que, segundo ele teria sido sua resposta quando Batista lhe disse que estava se entendendo bem com Eduardo Cunha.

Além dessa polêmica, outros trechos da gravação deixam claro as relações promíscuas entre as grandes empresas e o poder no Brasil. Temer escutou, sem fazer objeções, relatos de como o empresário vinha tentando obstruir investigações contra ele, inclusive com aliciamento de procuradores e juízes.

Batista rechama também ao presidente que, com a saída do governo do ministro Geddel Vieira Lima, acusado de abuso de poder, ele tinha ficado sem um interlocutor direto com o governo e o presidente indica que entre em contato com "Rodrigo", em referência ao deputado Rodrigo Rocha Loures.

Dias depois dessa conversa, Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo uma maleta com 500 mil reais da JBS, quantia que seria a primeira parcela de um 'acerto' para tratar dos interesses do grupo empresarial.

Para os analistas políticos, o fato do presidente do país não ter denunciado o empresário à Justiça, após escutar sua exposição de atividades ilícitas, pode levar Temer a ser acusado do crime de prevaricação.

Com base nas delações premiadas de Batista e de outros executivos do grupo JBS, o ministro do Supremo Tribunal federal (STF), Edson Fachin, abriu inquérito para apurar se Temer e o deputado Rodrigo Rocha Loures afastado ontem de suas funções pelo STF- cometeram crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.

Enquanto Temer segue afirmando que não renunciará, políticos da posição já protocolaram nove pedidos de impeachment contra o presidente.

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