Análise: Fúria na luta anticorrupção testa sabedoria política do Brasil

2017-05-22 09:29:50丨portuguese.xinhuanet.com

Por Xia Lin, Chen Weihua

Brasília, 18 mai (Xinhua) -- O presidente do Brasil, Michel Temer, disse na quinta-feira que não irá renunciar, negando ter autorizado o pagamento de suborno a um político preso para comprar seu silêncio.

O Supremo Tribunal começou a investigar as alegações, desencadeando as últimas ondas da longa campanha anticorrupção do Brasil.

A luta sem precedentes é amplamente considerada como um teste difícil de sabedoria política, econômica e ética do país antes de ser capaz de abraçar um novo ciclo de prosperidade.

Há oito dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se o réu de maior destaque na investigação sobre corrupção, conhecida como "Operação Lava Jato", quando deu um depoimento de cinco horas no Tribunal Federal na cidade de Curitiba, no sul do país.

Ele refutou todas as cinco acusações. Os argumentos da defesa em seu julgamento estão programados para se encerrar no dia 20 de junho. Seus advogados planejam apresentar uma nova queixa ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, alegando "perseguição judicial com motivações políticas".

A Operação Lava Jato tem sido ampliada desde que começou, há três anos, e agora implica várias empresas estatais. Cerca de 100 empresários e políticos proeminentes foram condenados, enquanto dezenas de congressistas federais em mandato e um terço do gabinete de Temer estão sendo investigados.

Muitos grupos políticos estão envolvidos e quase todos os negócios ficam contaminados nos casos de corrupção, disse Evandro Carvalho, professor de direito internacional do grupo de estudos independente da Fundação Getúlio Vargas.

"A corrupção está sempre lá, mas cada vez mais desenfreada nos últimos anos no Brasil", disse Carvalho.

Enquanto isso, a internet ajuda a espalhar as informações mais rapidamente, permitindo que as pessoas tenham uma compreensão geral de tais crimes entre altos funcionários e executivos, acrescentou.

As manifestações têm sido mais frequentes, não apenas para protestar contra a corrupção, mas também para exigir empregos e direitos nas atuais dificuldades econômicas, disse Carvalho.

"Quando a economia mundial corre bem e o capital social continua fluindo, casos de corrupção como fraude, suborno e lavagem de dinheiro tendem a ser negligenciados. No entanto, quando a crise doméstica ou global (econômica) ocorre, a perda de ativos estatais chama mais atenção, e a legitimidade do capital é amplamente questionada", disse Carvalho.

Outro rosto familiar entre os corruptos é o ex-presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha, condenado a 15 anos e 4 meses de prisão em março de 2017 por "corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fiscal".

Cunha, 58, foi presidente da Câmara dos Deputados de fevereiro de 2015 até julho de 2016.

Ele desempenhou um papel fundamental no processo de impeachment em maio de 2016 da ex-presidente Dilma Rousseff, que pertence ao Partido dos Trabalhadores junto com Lula.

"A campanha anticorrupção do Brasil tem dois lados de uma moeda, colocando em risco a harmonia nacional na economia e na sociedade, o que todos nós percebemos", disse Carvalho à Xinhua.

Por outro lado, disse ele, a sociedade precisa estar preparada para o fato de que a corrupção não pode ser resolvida de uma tacada só.

"O que temos de fazer é promover a nossa consciência contra a corrupção e tentar o nosso melhor para minimizá-la. A corrupção é um tumor global, e nenhum país está isento dela. O que deve ser estudado é como um país ou sociedade pode se tornar firme e poderoso o suficiente para combate-la", acrescentou.

Como sinal positivo, a construtora Odebrecht recentemente disse publicamente que havia demitido os envolvidos nos casos de suborno e começou a oferecer cursos anticorrupção aos seus funcionários.

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