Ordem de Trump de reverter políticas climáticas da era Obama causa reações mistas

2017-03-29 16:51:28丨portuguese.xinhuanet.com

O presidente dos EUA, Donald Trump, segura uma ordem executiva sobre "independência energética" durante uma cerimônia de assinatura na sede da Agência de Proteção Ambiental (EPA) em Washington, EUA, 28 de março de 2017. (Xinhua/REUTERS)

Washington, 28 mar (Xinhua) -- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira uma ordem executiva destinada a reverter as políticas climáticas de seu antecessor Barack Obama, uma iniciativa que despertou elogios da indústria de energia, críticas de ambientalistas e, quase certamente, desafios legais no futuro.

Trump, que
uma vez chamou a mudança climática de "farsa", assinou o Energy Independence Executive Order, durante sua primeira visita à Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que veria uma redução de 31% no financiamento e 3.200 empregos cortados sob o orçamento fiscal anual de 2018 de Trump.

Rodeado por mineiros de carvão convidados a assistir à assinatura, o presidente saudou a ordem como "o início de uma nova era" na produção de energia americana, que ele disse que iria acabar com a "guerra ao carvão".

"Com a ação executiva de hoje, estou tomando medidas históricas para levantar as restrições sobre a energia americana, para inverter a intromissão do governo e para cancelar os regulamentos de trabalhos," disse Trump.

Ele vai "permitir que nossas empresas e nossos trabalhadores prosperem, sejam competitivas e tenham sucesso em um campo de jogo com igualdade pela primeira vez em muito tempo," disse ele.

O principal objetivo da ordem é o chamado Plano de Energia Limpa, um esforço assinado por Obama para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de usinas termelétricas de carvão, de acordo com as promessas do acordo global de clima de 2015 conhecido como Acordo de Paris.

A ordem ordena a EPA a "suspender, revisar ou rescindir" as ações relacionadas com a regra da era Obama, que disse que "iria sufocar a indústria de energia americana," mas realmente foi colocado em espera pelo Supremo Tribunal dos EUA em fevereiro de 2016.

O decreto também levantou a proibição do arrendamento de carvão em terras públicas e restrições à produção de petróleo, gás natural e energia de xisto, dissolveu um grupo de trabalho de interagências sobre o custo social dos gases de efeito estufa e revogou memorandos de Obama como o que abordou Mudanças climáticas e segurança nacional.

Além disso, orientou todas as agências a conduzir uma revisão das ações existentes que "prejudicam a produção de energia doméstica e suspender, revisar ou anular ações que não são obrigatórias por lei".

Trump ameaçou tirar os EUA do Acordo de Paris durante sua campanha presidencial, mas a ordem não abordou esta questão.

"Em termos do acordo de Paris, se vamos ficar ou não está ainda em discussão", disse um alto funcionário da Casa Branca a repórteres durante uma coletiva..

Quando se perguntou como descrever a luta contra as mudanças climáticas, o funcionário disse: "Eu acho que é uma questão que merece atenção mas, novamente, eu acho que o presidente tem sido muito claro que ele não vai buscar políticas climáticas ou ambientais que ponham a economia dos EUA em risco, é muito simples. "

A ação de Trump aconteceu um dia depois que uma pesquisa da Gallup mostrou que a parcela da população americana preocupada com as mudanças climáticas atingiu um novo patamar de 50%.

O número subiu ligeiramente para 47% em 2016, de 37% registrados apenas há dois anos, de acordo com a Gallup.

Algumas empresas de energia estão celebrando a ordem executiva como um passo em frente no avanço do renascimento energético dos EUA.

"Estamos ansiosos para trabalhar com o governo Trump e o Congresso sobre políticas energéticas voltadas para o futuro que ajudarão a garantir que os Estados Unidos continuem liderando o mundo na produção e refino de petróleo e gás natural e na redução das emissões de carbono" afirmou o presidente e diretor executivo do Petroleum Institute, Jack Gerard.

No entanto, Gina McCarthy, que atuou como chefe da EPA sob a presidência de Obama, disse que a ordem quer que "voltemos para quando as chaminés danificavam nossa saúde e poluíam nosso ar, ao invés de aproveitar todas as oportunidades para apoiar trabalhos limpos do futuro."

"Isso não é apenas perigoso", disse McCarthy em um comunicado. "É embaraçoso para nós e nossos negócios em uma escala global descartar oportunidades para novas tecnologias, crescimento econômico e liderança dos EUA."

Michael Brune, diretor executivo do Sierra Club, uma organização ambiental dos EUA, descreveu a ordem de Trump como "o maior ataque contra a ação climática na história dos EUA" e jurou combatê-la "nos tribunais, nas ruas, no estado e em em toda a América para proteger a saúde de toda a comunidade."

Especialistas também questionaram a declaração de Trump de que a ordem acabará por ajudar a impulsionar o crescimento econômico e a criação de emprego.

"A ordem provavelmente terá um impacto limitado no emprego e no crescimento econômico dos EUA," disse à Xinhua Jake Schmidt, diretor de programas internacionais do Conselho de Defesa de Recursos Naturais dos Estados Unidos.

"Esta ordem poderá retardar o crescimento do emprego e o desenvolvimento econômico, uma vez que um dos setores de mais rápido crescimento nos EUA é o setor de energia limpa."

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