Belém, Brasil, 23 nov (Xinhua) -- A Presidência da COP30 declarou neste sábado que a conferência concluiu com "passos firmes", apesar das limitações observadas em questões sensíveis de negociação, especialmente no debate sobre energia e na definição de novos instrumentos internacionais para acelerar a ação climática.

Em coletiva de imprensa após o encerramento das negociações, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, a secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a negociadora-chefe do Brasil, Liliam Chagas, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, detalharam os resultados alcançados e os pontos que precisarão continuar sendo abordados em 2026.

Corrêa do Lago enfatizou que a conferência ocorreu sob intensa pressão negocial, com um pacote de adaptação particularmente complexo. Ele observou que as discussões começaram com mais de 100 indicadores e que o consenso foi alcançado em apenas uma pequena porcentagem deles.

Finalmente, o documento foi concluído com 59 indicadores, que servirão como referência para avaliar o progresso das políticas de adaptação. Ele acrescentou que as discussões técnicas continuarão em junho, durante o encontro intercúpulas em Bonn, na Alemanha.

Em relação à agenda energética, o presidente da COP30 afirmou que os países solicitaram mais estudos e propostas sobre formas de estruturar uma transição ordenada e compatível com as diferentes realidades nacionais. Ele disse que as intervenções do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudaram a elevar o perfil do debate e a mantê-lo como parte da agenda estratégica para os futuros ciclos de negociação. Enfatizou que a Presidência brasileira continuará a coletar dados, análises e propostas para orientar os países em futuras discussões.

Ana Toni observou que a COP30 alcançou um consenso significativo "em tempos geopolíticos difíceis", com uma agenda focada na implementação do Acordo de Paris. Ela destacou a apresentação de mais de cem planos voluntários em áreas como indústria verde, sistemas energéticos e gestão de carbono, além dos 29 documentos aprovados. Para Toni, um dos principais avanços foi elevar a adaptação "a outro patamar", juntamente com o compromisso de triplicar o financiamento internacional até 2035.

Liliam Chagas afirmou que os países vulneráveis conseguiram fortalecer posições comuns e que o conjunto de indicadores aprovado servirá como uma "bússola" para medir o progresso. Ela também anunciou o fortalecimento do Acelerador Global de Ação Climática, um espaço permanente para promover medidas concretas fora das negociações formais, bem como a criação de um fórum internacional dedicado à relação entre comércio e clima, um tema de crescente interesse para os países em desenvolvimento.

Em sua avaliação final, Marina Silva afirmou que a COP30 ampliou a compreensão pública sobre os impactos das mudanças climáticas e reforçou a importância da integração entre mitigação e adaptação, especialmente para os países mais vulneráveis. Ela observou que a conferência deu visibilidade ao conhecimento das comunidades amazônicas e destacou iniciativas como o mecanismo Florestas Tropicais para Sempre (TFF), que visa atrair investimentos para a conservação da biodiversidade.

Marina afirmou que a realização da COP "no coração da Amazônia" permitiu que a região mostrasse ao mundo seus desafios diários e enfatizou que o legado do encontro será compartilhado: "A Amazônia não apenas recebe um legado, como também oferece um".

Ao final do discurso, Marina fez uma defesa enfática da persistência das negociações multilaterais. Para ela, mesmo diante de atrasos, contradições e disputas entre os países, há uma continuidade entre a ambição que emergiu na Rio-92 e o esforço diplomático atual.

Ela agradeceu a presença das delegações internacionais em Belém e afirmou que o Brasil buscou recebê-las "como gesto de amor à humanidade e ao equilíbrio do planeta". Emocionada, foi aplaudida de pé por todos os presentes.