Foto tirada no dia 2 de julho de 2024 mostra instalação sobre a Conferência Global de Economia Digital 2024 (GDEC 2024) em Beijing, capital da China. (Xinhua/Ren Chao)
A chefe da missão do FMI para a China, Sonali Jain-Chandra, observou que, nas últimas décadas, a China registrou um “crescimento impressionante”, facilitado por reformas orientadas ao mercado, liberalização do comércio e maior integração nas cadeias de suprimentos globais.
Por Xiong Maoling
Washington, 2 ago (Xinhua) -- Apesar de vários desafios, um crescimento maior e mais resiliente para a economia chinesa “é alcançável” com reformas abrangentes contínuas, disse um funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI espera que o produto interno bruto (PIB) da China cresça 5% em 2024 e 4,5% em 2025, “apoiado por um forte investimento público e uma recuperação contínua no consumo privado”, disse à Xinhua em entrevista por escrito, Sonali Jain-Chandra, chefe da missão do FMI para a China.
O FMI divulgou o relatório final para a consulta do Artigo 4 da China 2024 na sexta-feira. Anualmente, uma equipe do FMI visita o país para coletar informações econômicas e financeiras, além de discutir com funcionários os desenvolvimentos e as políticas econômicas do país.
Trem de carga China-Europa aguarda para partir da Estação Tuanjiecun no Parque do Centro Logístico Internacional de Chongqing, no Município de Chongqing, sudoeste da China, no dia 5 de maio de 2024. (Xinhua/Huang Wei)
Observando que o governo central da China aumentou as medidas para lidar com o estresse no setor imobiliário, que são “bem-vindas”, Jain-Chandra disse que mais esforços políticos são necessários para garantir uma transição mais eficiente e com menos custos para o setor imobiliário.
O FMI recomenda aumentar o financiamento do governo central para proteger os compradores de imóveis residenciais pré-vendidos inacabados, inclusive para conclusão, o que também abriria caminho para a saída de incorporadores inviáveis, disse ela.
Além do suporte ao setor imobiliário, o FMI também sugere que as autoridades chinesas forneçam suporte macroeconômico adequado para impulsionar a demanda doméstica e mitigar os riscos de queda, como medidas de maior suporte fiscal para as famílias, política monetária menos rígida e uma taxa de câmbio mais flexível.
A funcionária do FMI observou que, nas últimas décadas, a China registrou um “crescimento impressionante”, facilitado por reformas orientadas ao mercado, liberalização do comércio e maior integração nas cadeias de suprimentos globais.
“O alto crescimento gerou ganhos impressionantes em várias métricas sociais, incluindo a erradicação da pobreza extrema”, disse Jain-Chandra.
Nos últimos anos, mencionou ela, a China se destaca como líder tecnológica em vários setores, incluindo áreas importantes para a transição climática e setores de alta tecnologia.
Foto de drone tirada no dia 5 de maio de 2024 mostra caminhões circulando no porto seco do Novo Corredor Internacional de Comércio Terrestre-Marítimo no Município de Chongqing, no sudoeste da China. (Xinhua/Huang Wei)
Jain-Chandra disse que o FMI agradece o foco do terceiro plenário recentemente concluído da 20ª edição do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), incluindo maior abertura no comércio e no investimento, a necessidade de gerenciamento de risco macro aprimorado da dívida do governo local, setor imobiliário e bancos de pequeno e médio porte, além da expansão do setor de serviços.
“Estamos ansiosos pela formulação e publicação de mais detalhes sobre a implementação das políticas de alto nível declaradas”, disse a funcionária do FMI, acrescentando que reformas estruturais concertadas na China beneficiarão o país e o resto do mundo.
No médio prazo, disse Jain-Chandra, a economia chinesa enfrenta desafios, incluindo o envelhecimento da população e o crescimento lento da produtividade. Apesar desses desafios, o FMI acredita que um crescimento maior e mais resiliente está “é alcançável”, disse ela.
O FMI estima que um pacote abrangente de reformas estruturais baseadas no mercado, melhorias na rede de segurança social e reformas previdenciárias podem elevar o nível do PIB em cerca de 20% até 2037 em relação à linha de base.
Visando o futuro, Jain-Chandra mencionou que o setor de serviços da China é um motor de crescimento subexplorado.
“A realocação de recursos para serviços ajudou a impulsionar a produtividade nas últimas duas décadas, pois as empresas em certos setores de serviços têm sido muito inovadoras”, disse ela.
Ela observou que o setor pode continuar impulsionando o crescimento nos próximos anos se reformas de apoio forem implementadas.
Foto tirada no dia 9 de maio de 2024 mostra o 500.000º veículo da fabricante de carros elétricos chinesa NIO na Segunda Base de Fabricação Avançada da NIO em Hefei, província de Anhui, no leste da China. (Xinhua/Zhang Duan)
A prioridade na busca por reformas deve ser melhorar a alocação de capital e mão de obra no setor de serviços, e outra prioridade é reequilibrar a economia em direção ao consumo a partir do investimento e fortalecer a demanda por serviços, disse ela.
A funcionária do FMI também disse que a organização multilateral apoia um sistema de comércio aberto baseado em regras, que tem sido essencial para o crescimento econômico global e a estabilidade nas últimas décadas.
Nos últimos anos, houve um aumento notável nas restrições comerciais, com países impondo cerca de 3.000 medidas restritivas comerciais em 2023, ante cerca de 1.000 em 2019, observou ela.
“Encorajamos os países a trabalhar dentro da estrutura multilateral baseada na OMC para abordar as preocupações subjacentes que estão exacerbando as tensões comerciais”, disse ela, se referindo à Organização Mundial do Comércio.
“A base desses esforços é a necessidade de aumentar e modernizar o sistema comercial, incluindo o reforço das regras em áreas como os subsídios agrícolas e industriais, além de garantir a solução eficaz de litígios”, disse ela.