Com aumento da adesão, BRICS defende cooperação inclusiva e dá mais voz ao Sul Global-Xinhua

Com aumento da adesão, BRICS defende cooperação inclusiva e dá mais voz ao Sul Global

2023-08-27 16:01:10丨portuguese.xinhuanet.com

* Discursando na conferência de imprensa, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que a expansão injetará mais vitalidade no mecanismo de cooperação do BRICS e fortalecerá ainda mais as forças da paz e do desenvolvimento mundiais.

*Especialistas africanos afirmaram que o esforço do BRICS para defender os interesses do Sul Global ajudou a impulsionar uma governança global mais justa e igualitária.

*Para Mahasha Rampedi, editor-chefe do African Times, "os africanos confiam muito mais na China do que nas nações ocidentais e, honestamente, não acho que só os africanos que pensem assim".

Joanesburgo, 25 ago (Xinhua) -- O apelido carinhoso da África do Sul, "Nação Arco-Íris", comprova o rico leque de culturas, idiomas e tradições que formam um harmonioso mosaico. Assim como essa vibrante nação se manifesta, o BRICS tem um caleidoscópio de culturas, crenças e caminhos de crescimento.

Na quinta-feira, seis novos países de África, América do Sul e Ásia Ocidental foram convidados a ingressar no BRICS, entrando para a história e marcando um novo ponto de partida para a cooperação do BRICS.

"Estamos criando o 'Arco-íris BRICS', já que trazemos culturas e civilizações de todo o mundo para enriquecer ainda mais essa fantástica cooperação", disse à Xinhua o xerpa do BRICS da África do Sul, Anil Sooklal, após anúncio da ampliação do bloco.

RUMO AO DESENVOLVIMENTO MÚTUO

A adesão da Argentina, do Egito, da Etiópia, do Irã, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024, anunciou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa em entrevista coletiva na 15ª edição da Cúpula do BRICS.

"Valorizamos os interesses de outros países na construção de parceria do BRICS", disse Ramaphosa, acrescentando que o bloco começou um novo capítulo nos esforços para criar um mundo justo, inclusivo e próspero.

Profissionais trabalham em canteiro de obras de usina geotérmica construída pela China em Nakuru, Quênia, no dia 26 de maio de 2023. (Xinhua/Wang Guansen)

Discursando na conferência de imprensa, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que a expansão injetará mais vitalidade no mecanismo de cooperação do BRICS e fortalecerá ainda mais as forças da paz e do desenvolvimento mundiais.

A expansão reflete a resolução dos países do BRICS de se unirem e cooperarem com outros países em desenvolvimento, atende às expectativas da comunidade internacional e serve os interesses comuns dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento, enfatizou Xi.

Esses seis novos membros aprofundarão ainda mais a já forte colaboração, além das realizações significativas que o BRICS alcançou nos últimos anos, disse Sooklal.

Quanto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), um banco multilateral de desenvolvimento criado pelo BRICS em 2015, a expansão do grupo apoia a missão do NBD de ser uma "verdadeira plataforma" para a cooperação entre os países do Sul Global, disse Dilma Rousseff, presidenta do NBD.

A adição de novos membros "fortalece a base de capital do NBD e incorpora mais relações comerciais e de diversos projetos de desenvolvimento", disse Dilma Rousseff. "Isto permitirá a construção de uma estrutura financeira com a marca do multilateralismo e de um mundo multipolar".

Como anfitrião da cúpula do BRICS, Ramaphosa disse que os líderes do bloco "deixaram nossos ministros de Negócios Estrangeiros responsáveis por desenvolver ainda mais o modelo de país do BRICS e uma lista de potenciais países parceiros, além de apresentar um relatório até à próxima cúpula".

"Ramaphosa foi muito claro quando afirmou que esta é a primeira fase de expansão, por isso não significa que o processo de expansão acabou", disse Sooklal, acrescentando que até por enquanto só os países do Sul Global serão convidados a aderir ao BRICS.

Em um briefing com jornalistas, o diretor-geral do Departamento de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Kexin, disse que mais de 20 países se candidataram para aderir ao BRICS.

AUMENTAR A VOZ DO SUL GLOBAL

Sobre o tema "BRICS e África: Parceria para o Crescimento Mutuamente Acelerado, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo", a cúpula deste ano, realizada de 22 a 24 de agosto, também teve como foco a promoção dos interesses mútuos do Sul Global.

Falando no Diálogo BRICS-África e no Diálogo BRICS Plus, realizados à margem da 15ª edição da Cúpula do BRICS, Xi apelou para garantir que nenhum país fique para trás no processo de modernização global.

A concretização da maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas continua lenta, observou Xi, dizendo que isso é preocupante e que o esforço de desenvolvimento global enfrenta desafios notáveis.

Ele apelou à comunidade global para seguir os maiores interesses de todos os países, responder às preocupações da população, priorizar o desenvolvimento na agenda internacional e fazer esforços para aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento na governança global.

Foto tirada no dia 23 de maio de 2023 mostra plataforma da Ferrovia Mombasa-Nairóbi em Nairóbi, Quênia. A ferrovia de bitola padrão Mombaça-Nairóbi, no Quênia, virou um projeto emblemático da cooperação China-África, um "cartão de visita" das empresas chinesas e um projeto de demonstração da Iniciativa Cinturão e Rota. (Xinhua/Wang Guansen)

Em entrevistas à Xinhua, os especialistas africanos afirmaram que o esforço do BRICS para defender os interesses do Sul Global ajudou a impulsionar uma governança global mais justa e igualitária.

"O papel do BRICS na amplificação das vozes do Sul Global é fundamental, pois preenche a lacuna entre o papel real dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento no sistema global e a sua capacidade de participar nesse sistema e nos processos de tomada de decisão nas instituições globais, como o FMI e o Banco Mundial", disse Melaku Mulualem, pesquisador-sênior de relações internacionais e diplomacia do Instituto Etíope de Assuntos Estratégicos.

Quando o Movimento Não Alinhado foi criado nas décadas de 1950 e 1960, muitos países do Sul Global se uniram "em prol de uma ordem mundial mais justa e inclusiva", observou Kenneth Creamer, professor-sênior da Universidade de Witwatersrand. "O BRICS inspira muitos países a se unirem novamente para levar essa visão adiante".

"Se for decidido que outros países se tornarão parte da iniciativa do BRICS, deverá ser uma condição clara que todos sigam a missão do bloco de promover o desenvolvimento econômico mútuo e criar um sistema político e econômico mundial mais justo", afirmou Creamer, também membro do Conselho Consultivo Econômico Presidencial da África do Sul.

Os países do Sul Global querem aderir ao BRICS porque o grupo defende "a cooperação benéfica para todos e o respeito mútuo com outros países do mundo", disse Abdel-Sattar Eshrah, secretário-geral do Conselho Empresarial Sino-Egípcio, com sede no Cairo.

"Com as suas capacidades econômicas, financeiras e tecnológicas, além de uma visão clara do futuro, o BRICS tem a força e a capacidade de liderar o mundo rumo a um amplo processo de desenvolvimento e tornar o sistema econômico global mais justo e igualitário", disse ele.

COMPROMISSO DA CHINA

A cúpula do BRICS deste ano teve muitos detalhes africanos, com ênfase no fortalecimento da cooperação BRICS-África. Enquanto os líderes do Sul Global se reuniam para abrir caminho para o crescimento e desenvolvimento mútuos, a China reiterou seu compromisso inabalável de manter laços de cooperação com a África.

Em um discurso de abertura no Diálogo de Líderes China-África na quinta-feira, Xi anunciou várias medidas concretas para fortalecer os laços e a cooperação com os países africanos, incluindo o lançamento de uma iniciativa de apoio à industrialização da África e a implementação de um plano para apoiar a modernização agrícola do continente.

Em um discurso feito antes no Diálogo BRICS-África e no Diálogo BRICS Plus, Xi disse que a China criou um Fundo de Desenvolvimento Global e Cooperação Sul-Sul com um financiamento total de 4 milhões de dólares americanos.

"A China é um amigo com quem a África pode contar", disse Xi, mencionando que na última década, a China forneceu muita assistência ao desenvolvimento da África e ajudou a construir mais de 6.000 km de ferrovias, mais de 6.000 km de rodovias e mais de 80 grandes instalações de energia no continente.

Como membro do Sul Global, a China segue um caminho de desenvolvimento definido pela cooperação benéfica para todos, com outras nações em desenvolvimento, disse Mulualem, pesquisador etíope.

"Graças à China, o Quênia teve grande desenvolvimento de infraestruturas no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota", disse Stephen Ndegwa, professor de relações internacionais na Universidade Internacional dos Estados Unidos-África, com sede em Nairóbi.

Foto tirada no dia 8 de maio de 2022 mostra seção da via expressa de Nairóbi construída pela China Road and Bridge Corporation em Nairóbi, Quênia. (Xinhua/Dong Jianghui)

"Vemos desenvolvimentos de infraestruturas, incluindo portos, barragens, extensões de estradas e até novas rodovias e ferrovias, que contribuíram significativamente para o crescimento social e econômico da África", disse ele, acrescentando que um projeto como a Iniciativa do Cinturão e Rota "não pode ter sucesso sem amizade, sinceridade e honestidade".

Durante anos, os meios de comunicação ocidentais têm criticado a China, julgando a amizade da China como uma forma moderna de colonização em toda a África.

"As empresas chinesas vêm para África com o capital, o conhecimento e a experiência necessários para investir na África", disse Mulualem, rejeitando as calúnias ocidentais sobre a China.

"Os governos africanos encaram a cooperação com a China como uma situação benéfica para todos, na qual recebem fundos importantes da China, em uma base de longo prazo e com taxas de juro baixas, para expandir as suas infraestruturas, enquanto os chineses fazem negócios e geram confiança com os seus homólogos africanos", disse ele.

Para Mahasha Rampedi, editor-chefe do African Times, "os africanos confiam muito mais na China do que nas nações ocidentais e, honestamente, não acho que só os africanos que pensem assim".

"Acredito que a maior parte do mundo, especialmente o Sul Global, confia mais na China do que nos Estados Unidos", disse Rampedi.

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