Comentário da Xinhua: Usuários do TikTok nos EUA defendem plataforma e reclamam dos legisladores com CEO da empresa sendo interrogado em maratona de audiências-Xinhua

Comentário da Xinhua: Usuários do TikTok nos EUA defendem plataforma e reclamam dos legisladores com CEO da empresa sendo interrogado em maratona de audiências

2023-03-29 07:02:56丨portuguese.xinhuanet.com

* Na terça-feira, cerca de 30 usuários do TikTok manifestaram fora do Capitólio dos EUA, pedindo que o governo dos EUA continue permitindo o uso do TikTok pelos americanos, por causa das criações artísticas, educação, expressão e muito mais pelo qual eles ganham a vida e prosperam na plataforma. Depois, eles se encontraram com legisladores e deram uma entrevista coletiva com Jamaal Bowman, congressista democrata representando Nova York.

* Bowman disse que, em vez de uma "conversa desonesta" pedindo a proibição do TikTok, o que os legisladores realmente deveriam fazer é "conversar de forma clara" sobre esforços legislativos mais amplos para proteger os dados on-line, para garantir a segurança dos usuários da mídia social.

* "Você pode banir o TikTok", disse ele, mas isso não impedirá que "corretores de dados" vendam dados de usuários da mídia social sem o conhecimento e consentimento deles.

Pelos escritores da Xinhua Deng Xianlai e Xu Yuan

Washington, 26 mar (Xinhua) -- Os legisladores dos Estados Unidos decretaram no começo desta semana um golpe político hediondo considerando o TikTok, uma empresa de rede social para compartilhamento de vídeos, uma ameaça à segurança nacional.

O interrogatório de quase seis horas no congresso do CEO da TikTok, Shou Zi Chew, fez as pessoas imaginarem qual seria o objetivo da audiência além de expor a incompetência de alguns membros do congresso.

Apesar das críticas do Congresso, o TikTok recebeu forte apoio dos vários usuários nos EUA, que defenderam a plataforma, mostraram apoio e reclamaram da histeria e ignorância dos legisladores na audiência.

Logotipo do TikTok na tela de um smartphone em Arlington, Virgínia, Estados Unidos, no dia 30 de agosto de 2020. (Xinhua/Liu Jie)

HISTERIA POLÍTICA

Com duração de quase seis horas, a audiência de quinta-feira do Comitê de Energia e Comércio da Câmara focou na privacidade de dados e proteção infantil, sobre a qual Chew apresentou aos membros bipartidários do comitê as medidas que o TikTok vem tomando para lidar com os riscos associados que preocupam.

Ao longo da audiência, os legisladores não se importaram nem acreditaram na explicação de Chew. Em vez disso, eles estavam completamente focados em destacar que o TikTok é uma ameaça à privacidade dos dados de 150 milhões de usuários americanos e à segurança nacional.

Na falta de provas, a única desculpa pela qual os legisladores apontaram o TikTok como o aplicativo que deve ser banido é que sua controladora, a ByteDance, opera na China. Ignorando que a ByteDance é uma empresa privada, os legisladores continuam insistindo na lógica insustentável de que as empresas que operam na China devem seguir as diretrizes do governo chinês.

Os congressistas não toleraram outras explicações de Chew além de "sim" ou "não" para suas perguntas duvidosas. Talvez eles temessem que se Chew entrassem em detalhes, isso enfraqueceria o que eles estavam tentando mostrar ao público e mostraria a hipocrisia para as pessoas do mundo inteiro.

Um claro exemplo foi quando a presidente do comitê, a congressista republicana Cathy Rogers, representando o estado de Washington, incentivou que Chew admitisse que ByteDance e TikTok usaram táticas para "espiar" os americanos.

Em sua resposta, Chew desafiou a caracterização de espionagem de Rogers, mas foi imediatamente interrompido por ele, que quase perdeu a paciência ao dizer "Quero ouvir você dizer com 100% de certeza" que o TikTok não se envolverá em atividades de vigilância contra americanos.

Impedindo que Chew tivesse a chance de fazer mais declarações porque, caso contrário, não teria tempo suficiente para fazer as suas, que ela fez questão de espalhar, Rogers se apressou em concluir que o TikTok é uma "arma" contra os americanos.

Interrupções semelhantes aconteceram várias vezes durante as rodadas seguintes entre Chew e outros membros do comitê. O comitê fez perguntas que eles já tinham respostas, não porque estivessem curiosos sobre como o TikTok lidaria com as questões de interesse. Eles simplesmente queriam que Chew concordasse com os julgamentos, a maioria dos quais, infelizmente, são subjetivos e fantasiosos.

O governo dos EUA forçou o TikTok a se separar da ByteDance e ser adquirido por uma empresa americana, caso contrário, enfrentaria uma proibição nacional.

Questionado na audiência se a empresa cumpriria a exigência de desinvestimento, Chew disse aos legisladores que a propriedade não era o ponto. "Com todo respeito, as empresas sociais americanas não têm muito histórico de privacidade e segurança de dados. Digo, veja o Facebook e Cambridge Analytica", disse ele, referindo-se à revelação em 2018 de que os dados dos usuários do Facebook eram reunidos secretamente por uma empresa de consultoria política britânica.

Esse escândalo também desencadeou uma investigação completa do Congresso, envolvendo o depoimento do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, perante a Câmara e o Senado.

Foto tirada no dia 19 de janeiro de 2023 mostra prédio do Capitólio dos EUA em Washington, D.C., Estados Unidos. (Foto por Ting Shen/Xinhua)

Enquanto o comitê recusou a explicação de Chew sobre a falta universal de proteção da privacidade de dados na indústria de tecnologia dos EUA, o Washington Post considerou o argumento de Chew não apenas válido, mas também válido sobre a introspecção dos legisladores.

"Em uma audiência na qual o TikTok foi frequentemente retratado como uma ameaça singular e insustentável à privacidade on-line dos americanos, seria fácil esquecer que os problemas de privacidade on-line do país são muito piores do que qualquer aplicativo. E os responsáveis por não proteger os dados dos americanos, sem dúvida, são os legisladores americanos", disse o Post.

"Mas os compromissos necessários para aprovar uma grande legislação podem ser politicamente caros, enquanto protestar contra o TikTok não custa nada", disse o relatório.

APOIO PÚBLICO

Os usuários do TikTok nos Estados Unidos não compraram a intimidação dos seus representantes do Congresso contra o amado aplicativo. Após a audiência, um criador de conteúdo do TikTok com o apelido de "@notnotnotrekcut_" descreveu a audiência como "horrível" e "injusta".

Ele disse em outro vídeo que, como aprendeu muito com o TikTok, usando dicas de saúde a habilidades de gerenciamento de patrimônio, ele não voltará a usar outras plataformas de mídia social. "Estou totalmente do lado do TikTok!".

Abaixo dos vídeos postados por Chew com o nome de usuário da conta "@shou.time", há muitos comentários de usuários do TikTok apoiando o CEO e o aplicativo. Um comentário dizia: "Independentemente do resultado, agradeço por criar essa plataforma mundial. Não esquecerei a conexão que ela criou".

Uma mensagem em outro vídeo de Chew dizia: "Desculpas pelo congresso dos EUA, vocês são incríveis".

Na terça-feira, cerca de 30 usuários do TikTok manifestaram fora do Capitólio dos EUA, pedindo que o governo dos EUA continue permitindo o uso do TikTok pelo público americano, por causa  das criações artísticas, educação, expressão de pontos de vista e muito mais pelos quais eles ganham a vida e prosperam na plataforma. Depois, eles se encontraram com legisladores e deram uma entrevista coletiva com Jamaal Bowman, congressista democrata representando Nova York.

"Por que a histeria, o pânico e o direcionamento contra o TikTok?", Bowman perguntou em um pódio com a placa "Mantenha o TikTok". "Não vamos marginalizar e visar a plataforma", disse ele, antes de citar que os riscos à segurança nacional que acusaram o TikTok de representar são os mesmos das plataformas americanas famosas, incluindo Facebook, Instagram, Youtube e Twitter.

Bowman disse que, em vez de uma "conversa desonesta" pedindo a proibição do TikTok, o que os legisladores realmente deveriam fazer é ter uma "conversa clara" sobre esforços legislativos mais amplos para proteger dados on-line e garantir a segurança dos usuários de mídia social.

"O TikTok pode ser banido", disse ele, mas isso não impedirá que "corretores de dados" vendam dados de usuários de mídia social sem o conhecimento e consentimento dos usuários.

Foto tirada no dia 21 de agosto de 2020 mostra logotipo do escritório do TikTok em Los Angeles em Culver City, condado de Los Angeles, Estados Unidos. (Xinhua)

Questionado em uma coletiva de imprensa padrão na sexta-feira para comentar o depoimento de Chew, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse: "O governo dos EUA não forneceu evidências ou provas de que o TikTok ameace a segurança nacional do país, mas reprimiu e atacou repetidamente a empresa com base supondo que sejam culpados".

"Os Estados Unidos precisam realmente respeitar os princípios da economia de mercado e da concorrência leal, parar de reprimir empresas estrangeiras e fornecer um ambiente aberto, justo e não discriminatório para essas empresas que operam no país".

Especialistas argumentaram que, se o governo Joe Biden agisse para proibir o TikTok em todo o país, essa ordem executiva quase certamente seria contestada por aqueles que se opõem a ela, citando a violação da medida do direito da Primeira Emenda do cidadão americano à liberdade de expressão.

Houve um precedente recente: uma proibição do TikTok emitida pelo então presidente Donald Trump em 2020 foi recebida com vários processos e bloqueada por um juiz federal dos EUA, que decidiu que a Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência, na qual a proibição se baseava, era inaplicável no caso, porque a proibição efetivamente restringirá o livre fluxo de informações.

"A lei diz que o que Biden não pode impedir o fluxo de informações independentemente do que ele faça", disse William Reinsch, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank com sede em Washington, segundo o Post. Reinsch também é ex-funcionário do Departamento de Comércio dos EUA.

Citando um especialista, o Post informou que os funcionários do governo Biden não acham que têm autoridade legal para banir o TikTok sem um ato do Congresso.

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