Massas à venda em um supermercado em Roma, Itália, no dia 19 de maio de 2022. A refeição mais tradicional da Itália, massa, que tem em muitas formas diferentes vem ficando mais cara nos últimos meses, e as indicações são de que a tendência vai continuar. (Xinhua/Jin Mamengni)

Roma, 19 mai (Xinhua) -- A refeição mais tradicional da Itália, massa, que vem em muitas formas diferentes, tem ficado mais cara nos últimos meses, e as indicações são de que a tendência deve continuar.

Seja espaguete, lasanha ou ravióli, quase todos os tipos de massas feitas com trigo, e especialmente trigo duro, custam mais hoje do que há alguns meses, e isso afeta grande parte do orçamento alimentar da maioria das famílias.

"No último ano, o preço do trigo e de outras matérias-primas que usamos para fazer e embalar nossas massas subiu pelo menos 70 por cento", disse à Xinhua, Antonio Gentile, coproprietário da Pastificio D'Aniello, fabricante de massas de alta qualidade em Gragnano, a sudeste de Nápoles.

Gentile disse que apenas no ano passado, a empresa aumentou seu preço básico de 5 euros (5,25 dólares americanos) por quilo para 6 euros, um aumento de 20 por cento. Isso reduziu drasticamente a margem da empresa sobre o que vende.

"Tentamos não aumentar muito os preços, mas se as coisas continuarem como estão, provavelmente teremos que aumentar os preços novamente antes do final do ano", disse Gentile.

Nos mercados internacionais, os futuros de trigo mais que dobraram nos últimos 12 meses, e a tendência dos preços dos alimentos básicos foi semelhante.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com sede em Roma, informou em seu Índice de Preços de Alimentos mensal que os preços globais dos alimentos atingiram um recorde histórico em março, antes de recuar ligeiramente em abril. No entanto, essa tendência de queda inverteu desde então.

O site de Monitoramento e Análise de Preços de Alimentos da FAO (FPMA) afirmou que vários fatores têm empurrado os preços do trigo e de outros alimentos básicos para cima. Uma é o aumento do preço do combustível em meio à crise na Ucrânia, e outra é que a Rússia e a Ucrânia são grandes exportadores de trigo.

Os Estados Unidos e o Canadá também estão entre os dez maiores produtores de trigo do mundo, mas suas exportações foram afetadas pelas recentes condições de seca.

A Índia é outro produtor líder de trigo, mas sua produção em 2022 provavelmente cairá devido à recente onda de calor escaldante.

Pela primeira vez em anos, a safra global de trigo deve cair em 2022.

Na Itália, os preços crescentes de massas e outros alimentos básicos não são um bom presságio para a frágil recuperação econômica do país.

A economia da Itália contraiu 0,2 por cento no primeiro trimestre deste ano, após um robusto crescimento econômico pós-pandemia em 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística do país (ISTAT).

Economistas disseram à Xinhua que, mesmo que o país tenha crescimento econômico durante todo o ano, isso seria corroído pela inflação que pode chegar a 6 por cento.

A Comissão Europeia afirmou na segunda-feira que reduziu sua previsão para o crescimento econômico da Itália para 2,4 por cento este ano, em comparação com uma estimativa anterior de expansão de 4,1 por cento.