Segunda quarentena se aproxima na França enquanto coronavírus avança enfurecidamente

2020-10-28 19:55:44丨portuguese.xinhuanet.com

Paris, 26 out (Xinhua) - A França, que foi duramente atingida pela segunda onda de COVID-19 nas últimas semanas, pode em breve precisar entrar em uma nova fase de confinamento, alertaram especialistas na segunda-feira.

O número de casos infectados já é significativamente maior do que na primeira onda, o que arrasta o país para "uma situação difícil, até crítica", disse Jean-François Delfraissy, chefe do conselho científico que assessora o governo sobre a pandemia.

"Antecipamos uma segunda onda. No entanto, estamos surpresos com a brutalidade do que tem acontecido nos últimos dez dias", disse ele à rádio RTL.

"Provavelmente existem mais de 50.000 casos por dia, estima-se pelo conselho científico que estamos em torno de 100.000 casos por dia", disse ele.

No domingo, a França registrou 52.010 novos casos de COVID-19, um novo recorde diário após 45.422 no sábado. O total acumulado de casos confirmados no país agora é de 1.138.507, após ultrapassar a marca de um milhão na sexta-feira.

Dezessete por cento dos testes são positivos na segunda-feira, contra 16 por cento no sábado, 15,1 por cento na sexta-feira e apenas 4,5 por cento no início de setembro.

Citando o aumento acentuado nas taxas de infecção, Eric Caumes, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do hospital Pitie-Salpetriere em Paris, comentou que "acho que hoje não temos mais escolha, teremos que fazer confinamento... Não haverá outra solução, infelizmente".

"Não seremos mais capazes de tratar adequadamente outros pacientes se o sistema estiver saturado com pacientes de COVID-19. Quanto mais esperarmos para tomar as decisões certas, menos eficazes elas serão", disse ele à rádio France Info.

Na sexta-feira, o número de pacientes hospitalizados com coronavírus ultrapassou 15.000 na França.

Segundo Karine Lacombe, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do Hospital Saint-Antoine, em Paris, "a situação está fora de controle".

"Veremos como o sistema de saúde vai resistir até o fim de semana. Mas do jeito que está, a quarentena provavelmente será a medida que terá o maior impacto na saturação do sistema sanitário", disse ela.

O governo prometeu evitar uma quarentena cara, que conteve a primeira onda do surto ao custo de uma recessão econômica sem precedentes.

Desde setembro, medidas anti-COVID-19 extras foram implementadas nas regiões em alerta máximo. Isso inclui o fechamento de bares, piscinas e academias. As instalações de entretenimento, incluindo danceterias e feiras comerciais, também estão fechadas. Todas as instalações ao ar livre, como estádios, permanecem abertas, mas apenas para menos de 1.000 pessoas.

O governo introduziu toques de recolher noturnos em 54 departamentos, afetando mais de dois terços da população de 67 milhões da França. A partir da meia-noite da última sexta-feira até o início de dezembro, as pessoas devem ficar em casa entre 21:00 e 06:00h da manhã.

"Se fizermos confinamento completamente como em março, não é uma recessão de 10 por cento o que corremos o risco, mas um colapso da economia", advertiu Geoffroy Roux de Bezieux, presidente da MEDEF, a principal organização de empregadores da França.

"Quando estávamos travados em março, tínhamos uma economia em crescimento, as empresas tinham finanças saudáveis. Agora, estão enfraquecidas e correm o risco de não se recuperarem", disse ele, observando a necessidade de "encontrar o nível certo de restrição que permita continuar".

Delfraissy acreditava que "o vírus circula com extrema rapidez" e que seria necessário pelo menos restringir e estender o toque de recolher diante de uma segunda onda "brutal" da epidemia. Ele também expressou a mesma preocupação com o impacto econômico e social de uma nova quarentena.

Ele sugeriu "dois cenários" para conter esta segunda onda. O primeiro é "avançar para um toque de recolher mais massivo tanto em sua programação quanto em sua extensão em nível nacional".

"Depois de 10 a 15 dias... poderíamos olhar a curva de novas contaminações... e se não estivermos na direção certa, ir para a contenção", disse ele.

O segundo cenário é "ir direto para o confinamento, menos forte que o do mês de março" e "por um período menor seguido de condições de desconfinamento muito específicas".

"Quanto mais rápido tomarmos medidas, mais (elas) terão uma certa forma de eficácia", insistiu ele.

Enquanto o mundo é pego pela segunda onda da pandemia de COVID-19, países como França, Itália, China, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos estão correndo para desenvolver uma vacina.

De acordo com o site da Organização Mundial da Saúde, no dia 19 de outubro, havia 198 vacinas candidatas de COVID-19 sendo desenvolvidas em todo o mundo, e 44 delas estavam em ensaios clínicos.

 

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